Janda Mawusí

O mês de março é uma oportunidade para que a sociedade reflita sobre as condições de vida das mulheres no mundo. Desse modo, ninguém melhor que nós mulheres para fomentar o debate sobre as nossas angústias. Tenho percebido em março, um mês que é muito mais apropriado pelo capital e pelas mídias do que, de fato, uma articulação política orquestrada no sentido de trazer várias vozes silenciadas historicamente para a fundamentação de uma política que assegure a vida das mulheres e possibilite mudanças estruturais.

Os serviços médicos tanto de saúde física quanto mental, o assédio e a objetificação do corpo feminino, feminicídio, salários precários, empregabilidade ruim, escassas políticas de assistência às mulheres esportistas e cientistas, são alguns dos infinitos problemas enfrentados pelas mulheres que necessitam de mais ações eficientes do governo, do que somente um mês de discussão.

Sabe-se que no mês das mulheres muitos desses problemas não são nem sequer lembrados ou, quando citados, são tratados de forma superficial. O mês de março que é retratado pela mídia ainda reforça um ideal único sobre o que é ser mulher: cisgênera, branca e com traços e aparência maternal.

Essa representação não engloba todas as mulheres e isso se torna um mecanismo de exclusão.  Com isso, a sociedade não avança no sentido de entender que estamos em um país diverso e que dentro dessa diversidade todas as mulheres precisam de proteção e direitos iguais de bem viver dentro das suas questões. O país precisa ampliar a execução e legislação de leis de proteção às mulheres, sobretudo as negras, que estão ainda mais vulnerabilizadas dentro desse sistema de violência, capitalismo, patriarcado e racista.

Desse modo, dialogando com Matilde Ribeiro,docente da PUC-SP do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Movimentos Sociais, “são combinações de discriminações que geram exclusões, tendo como explicação a perpetuação do racismo e do machismo. Em suma, é preciso refletir o março-mulher para além da exclusão propagada nas propagandas de lojas, rosas e demais formas de se comemorar o Dia Internacional das Mulheres, pois esses mecanismos destoam do que precisa ser o março-mulher, um mês de debates e inclusão de todas as mulheres, com questões e demandas específicas de cada.

Mulheres, filiem-se ao PSB