A FALÁCIA DA PARIDADE DE GÊNERO E RAÇA NA POLÍTICA NACIONAL

Por Janda Mawusí.

Na “moda teórica” das discussões entre brancos uma questão fulcral da política é o “lugar” para as mulheres. Nesse lugar, podemos pensar as brancas, as negras, pardas, indígenas, trans, cis, binárias e não binárias. Entretanto, na práxis esse lugar ainda não é ocupado de maneira a contemplar essas pessoas. Dessa forma, isso denuncia que em um país majoritariamente negro, apenas as elites brancas possuem representação política e poder de decisão. Essa realidade cruel escancara diversos tipos de violências e desigualdades que impedem o acesso dessa população na política, e em espaços de decisões e poder, eliminando a crença que através da sua participação o Brasil poderá avançar consideravelmente. Somos maioria em números, mas só podemos perceber essa hegemonia nas estatísticas de violências, mortes e encarceramento. No Brasil, onde a cada 10 minutos, uma menina ou uma mulher é estuprada, a cada um dia, três mulheres são vítimas de feminicídio, a cada dois dias, uma travesti ou uma mulher trans é assassinada e, por hora, 30 mulheres sofrem agressão física. Acreditar que existe uma política de vida, igualdade e bem viver para as mulheres é falacioso. Desse modo, todos esses números descortina numa sociedade machista, colonialista, branca, heteronormativa que por mais que essa política vislumbre mesmo que incipiente que é importante fazer política pensando no lugar das mulheres ou que é preciso criar políticas públicas para melhorar, extinguir ou modificar esses índices violentos, não é isso que se configura na prática.

Apesar de maio ser um mês repleto de datas comemorativas de relevância histórica e econômica, tanto no âmbito nacional como internacionalmente, os números de violências contra elas são absurdamente alarmantes. Algumas dessas datas são para homenagear às mulheres como grande matriarcas e gestoras que são e a outra no combate à LGBTfobia. Diante das comemorações, datas e desejos de dias dedicados às mulheres, há uma ausência de suas presenças e participações nos espaços de decisões e poder. É urgente pensar como a invisibilidade das mulheres nesses espaços impossibilita a sociedade de ser uma democracia, construindo a igualdade e possibilitando à paridade que tanto se faz necessária na busca das reparações e protagonismo, numa perspectiva onde a colonialidade existente não naturalize a cultura que oculta a prática essencialista da dominação masculina e suas estruturas.

Todas essas observações evidentes que nos colocam nas dimensões que autorizam as disputas legais em busca do protagonismo feminista intencional de inclusão e empoderamento tensionam os espaços os quais o machismo e a reprodução do patriarcado imperam, por conseguinte, existe a rejeição das contribuições femininas. É preciso observar os lugares onde o espelhamento do macho patriarcal é possível a partir das disputas dos microespaços, no qual apenas seus iguais estão autorizados e aparentados, numa negação de qualquer outra imagem que não se assemelhe.

Por isso, esse texto convida a todas as mulheres a se juntar num movimento onde nossas presenças e corpas sejam e estejam inseridas verdadeiramente, bem como, estende um convite à toda sociedade a uma reflexão sobre a invisibilidade feminina no processo de emancipação, empoderamento e participação pertinente a um mundo mais igual e real a todes.

MULHERES, FILIEM-SE AO PSB!