PRIMAVERANDO MUDANÇAS (COM FÉ BAOBÁ)
A estação que traz mudanças, flores, cores e possibilidades, é feminina.
Primaverando os caminhos! É assim que chega a estação das flores, dos cheiros, do caruru como oferta e homenagem às crianças gêmeas e a todas as crianças que esperam por doces e alegrias nas ruas da cidade de Salvador.
Salvador, cidade encantada pela fé, pelas crenças e religiosidade. Homenageia-se os santos católicos em deferência aos santos Cosme e Damião, como também aos santos meninos(as) das religiões de matrizes africanas, os Erês, Ibejis e Hoho, (adesignação vai de acordo as nações as quais temos para falar das línguas e liturgias africanas dentro do Candomblé).
Nesse mês, pudemos observar as flores embelezando árvores pelos caminhos e ofertando cheiros pela cidade. A estação vem para esquentar os corpos, a vida e a esperança após meses de frio e de chuva. Com ela, também chega a esperança de dias melhores – do sol aquecendo as águas do mar, do brilho e das cores florescentes.
Uma BAOBÁ!
Esse ano, em especial, a primavera nos faz esperançar na política. A política do bem viver, do autocuidado, da saúde como principal voto e da fé que temos em viver dias menos violentos e temerosos, exaltando a democracia.
Acreditar e ter fé é o que temos e pedimos na hora de comer o caruru ofertado aos Erês, as crianças – nessa hora, o comer caruru também se transforma em um ato de reza: pedidos e agradecimentos são ingredientes essenciais do ato de saborear o tão famoso e esperado caruru de Cosme, Damião e Doum.
Dentro da esperança, da fé e da crença, seguimos nossos dias em busca de políticas reparatórias, em que a inclusão, a paridade de gênero e raça sejam as protagonistas fugindo à regra colonialista e eurocentrada,incutida na política nacional. Desse modo, a reprodução que se instalou nacionalmente nas esferas legislativas, nos obriga abrir a discussão sobre a colonialidade que persiste perversamente na política, ainda que nossas forças sigam erguidas em busca de reparação.
O desfeixo político instalado na branquitude e nos homens, têm trazido de forma crescente a participação do povo a (re)escrever um projeto de poder popular, onde garantir a presença e participação dos “diferentes” é a tônica.
Nesse sentido, esperançar uma rede participativa revolucionária dentro da política nacional é como esperar setembro primaverando o cheiro do azeite e o sabor doce que alegra a toda cidade, Salvador.
A partir daqui, lançamos palavras emancipadoras e criadoras para que nossopoder feminino em forma de Baobá seja erguido e escutado pelos santos invocados nesse tempo.
Que nosso poder ancestral e espiritual nos sustente e nos possibilite o enfrentamento necessário à democracia. Que tenhamos êxitos nas mulheres de boa vontade e consciência justa, de igualdade, empatia, sensibilidade que se colocam a pleito eleitoral.
Que a Bahia seja protegida pelos santos que tanto clamamos e reverenciamos em nome do bem viver para todas, todos e todes.
A Bahia se ergue feminina e doce como a alegria das crianças recebendo bombons e caruru, florescendo aos pés de uma Baobá.
MULHERES, FILIEM-SE AO PSB
Por Janda Mawusí