ESPERANÇAR PARA NÃO SUCUMBIR AO MEDO

Outubro, mês de cuidados, mês de prevenção, mês de esperança.

O autocuidado, palavra tão significante e defendida pela pensadora feminista AudreLorde, chama a atenção para “a autopreservação das mulheres negras”. Por isso, anunciar o tempo em que as mulheres precisam redobrar a atenção para a prevenção e os cuidados que são necessários ao combate ao câncer de mama e a sua saúde, é também um ato político.

Outubro Rosa é a campanha internacional de conscientização criada para pensar e redobrar atenção para a prevenção do câncer de mamae, recentemente do colo do útero. Programa criado justamente para que mulheres e toda sociedade “se toquem”, buscando através do toque das mãos detectar possíveis nódulos nas mamas ou áreas afins, alertando sobre a importância da prevenção e do diagnósticoprecoce.

Durante todo mês da campanha, são realizados exames preventivos gratuitos que detectam possíveis invasores nodulares malignos, e sinaliza como o cuidado previne e possibilita tempo de cura.

A esperança que nasce ao diagnosticar as doenças previamente, impedindo o crescimento do monstro cancerígeno, e até mesmo que ele se alastre por todo corpo é de suma importância. A prevenção tem trazido resultados positivos, uma vez que quando se detecta o nódulo no início, a chance de cura cresce consideravelmente.

Pensando outubro como o mês de autocuidado, cura e esperança, podemos também falar sobre como foi o processo eleitoral na Bahia e, principalmente no âmbito nacional. Talvez vocês me perguntem ou interroguem o que tem a ver política com o mês de cura e prevenção.

Posso lhes assegurar que com respeito, tentarei explicar: prevenir o câncer de mamas, se tocar, se cuidar e cuidar da saúde deve ser pensado como a primeira e principal política, mas, entretanto, ainda que estejamos nessa fronte, um fato que tem nos adoecidos, e nos deixado emocionalmente abaladas, afetadas e adoecidas, é o fator político.

Nesse mês, onde fomos acometidas por dores, tristezas e pela sensação de impotência que gerou em nossos corpos possíveis doenças, pensando a partir dos efeitos colaterais químicos que nos atingiu durante todo processo eleitoral e que se agravou após seus resultados, e de como esse resultado abateu muitas de nós, que sentimos na pele a dor do medo, equiparar o mês de cura com o efeito eleitoral é possível.

Esperávamos nos resultados, tanto nacionalmente, como a nível estadual,resultados mais assertivos e democráticos onde a paridade de gênero, raça e sexualidade fossem positivos, além de eleger um representante de estado progressista, mais humano, empático e sensível às diferenças brutais em que as comunidades “periféricas” tivessem certeza de que politicas publicas seriam pensadas e sancionadas a seu favor, amenizando o horror que se instalou na derrocada extinção dos órgãos que foram criados com intenção de haver reparação após anos de escravidão e negação de direitos constitucionais a população.

Equiparar esses dois fatores como causas adoecedoras é possível, analisando o número considerável de mulheres adoecidas emocionalmente. Os resultados dos efeitos emocionais nos corpos, após uma grande tristeza, trauma ou dores físicas, tem atingidomuitas pessoas, e em especial as mulheres.

Portanto, adoecer e contrair um câncer e, ou outras doenças é possível após esses traumas. Nesse sentido, o fator político trouxe essa reflexão onde muitas mulheres adoeceram com o medo dos retrocessos, das perdas, das violências e de como uma parcela da sociedade tem reagido e emanado ódio com frequência ao posto democrático que se deseja a maioria da população, ou como deveria ser em uma nação.

As estratégias do medo, do ódio que se acirrou nas campanhas do candidato da extrema direita, que por sua vez tem levado a maioria da população a temer uma reeleição, que causaria o caos na sociedade brasileira, tem invadido as regiões do país e isso causou um temor ao Bolsonarismo, a essa cultura da violência grotesca que está posta nessa campanha.

Pensar numa possível reeleição desse candidato, para muitas de nós é pensar o caminho da morte, pois as atrocidades que já foram sucedidas com autorização e até mesmo com o próprio presidente como autor, nos permite a ter essa sensação de desespero e aflição diária.

Imaginar mais um mandato onde um presidente desdenha da dor humana, desafia a ciência, sucateia as escolas e universidades públicas, numa tentativa absurda de negar a população o direito ao conhecimento e a educação, onde se é permitido queimar e desmatar florestas e matas, onde se permiti poluir rios e áreas indígenas, causando as essas populações um extermínio das vidas primarias dessa nação.

Um representante de Estado que fazcomentários violentos, abusivos e de assédios contra crianças numa tentativa de serengraçado é no mínimo merecedor de responder processo contra a criança e juventude, seguindo deflagração e pedido de prisão, mas com tudo isso, o sujeito ainda segue fazendo papel sujo e dizendo que é campanha política.

Absolutamente esse senhor nos causa enjôo e em demasia sensação de morte. Portanto, é possível imaginar o outubro da prevenção do câncer ao outubro eleitoral que nos leva a morte, se considerarmos os efeitos colaterais que o Bolsonarismo tem nos causado.

Quero chamar a atenção para os resultados onde novamente em todas as regiões as cadeiras eleitoreiras eleitas foram em sua maioria de homens brancos, ricos e da direita. Imaginar o que esses senhores podem legislar a nosso favor, nos causa arrepio. Pois é sabido que diante da história da República Federativa Constituinte, o que eles fizeram somente foi enriquecer e retirar do povo seus direitos constitucionais de igualdade e oportunidade.

Com isso, se deparar com esses resultados não é saudável para a maioria da população brasileira, seja onde elas estiver: negros, pardos, indígenas, mulheres, LGBTQIAPN+e comunidades tradicionais são os mais afetados pela ausência de politicas públicas que amenizem as injustiças sociais.

Por isso, deixar uma reflexão para todas, todes e todos é talvez o mais sensato dessas linhas escritas com dor, quase beirando ao desespero, mas esperançando vitória que nos permita ser tratadas com empatia, sensibilidade, respeito e dignidade política. Esperançar em famílias, com amigas, amigos e amigues tem sido a tônica do bem. Abraçar, desabafar e desaguar tem nos permitido seguir acreditando e esperançando.

A ausência feminina, e em especial da presença das mulheres negras, indígenas e LGBTQIAPN+ nas cadeiras parlamentais nos deixa pensativa, mas com força de seguir e enfrentar esse sistema brutal colonizador, eurocententrado na branquitude e nos homens que imperam no sistema político brasileiro.

Seguiremos reivindicando cotas e paridade de gênero, raça,  e o direito a legislar de forma empática e sensata para todas, todes e todos.

Vibramos a vida, a paz, o amor, o respeito a esperança e o dia em que celebraremos a democracia em grande estilo e em forma de estrela que brilha e nos acalma, permitindo a saúde e o desejo de seguir construindo alianças politicas que nos fortaleça independente do lado de qual partido estejamos. Entre a violência e o amor, estaremos sempre do lado da vida com saúde e paz. Vibre amor.

POR JANDA MAWUSÍ

MULHERES. FILIEM-SE AO PSB BAHIA