0AB52309-03EC-4484-BC34-20BB47D2D912UMA PROSA SOBRE UM OLHAR DAS ANDANÇAS NO “CAMPO”

Entendo que há uma luta geral que é de toda sociedade, mas há uma questão específica, só das mulheres, por conta das discriminações da maternidade, da violência de que são vítimas.” 

                                                     Amabilia Almeida.

 As andanças, por vezes dilacerantes, no enfrentamento às desigualdades do ser mulher, dos fatos, observações e diálogos me levam a uma constante reflexão sobre o lugar da invisibilidade da mulher na política partidária. Essa prosa será um relato em meio ao trabalho que exerço com homens e mulheres, especialmente com “elas” que, em sua maioria, residem na zona rural e trabalham na agricultura familiar. Falo aqui sobre trabalhadoras rurais, quilombolas, marisqueiras, pescadoras e pesqueiras de alguns municípios do Estado da Bahia.  

O Diálogo e a escuta conduzem esses encontros, queacontecem majoritariamente nos seus espaços de moradia.Estar com elas, ouvi-las, compartilhar das suas emoções e suas percepções realmente têm feito a diferença nesse percurso de fazer “formação técnica” em políticas públicas como “representante do Estado”, e como cidadã de fato.

“Atravessei o mar, um sol da América do Sul me guia, trago uma mala de mão, dentro uma oração…”. A poesia musical da cantora e compositora soteropolitana LuedjiLuna, por si explicaria o que as mulheres, feministas ou não, tem chamado à atenção e lutado incansavelmente contra o mundo do patriarcado, machista, misógino, Lgbtfóbico, colonialista insisti em não entender, e persiste em se abster. É preciso um lugar para nós, mulheres, respeitando nossas diferenças naturais e subjetivas, mas tão iguais nas lutas diárias, e certamente, em suas especificidades de dores e violências.

A cada parada, em cada Povoado, Quilombo, Assentamento, Aldeia onde as denúncias são evidentes nas falas, gestos corporais ou silêncios, “saber chegar é um ato necessário para a integração plena. Saber chegar significa aproximar-se respeitosamente para que haja aliconfiança e trocas necessárias. Perceber esses lugares como espaços constituídos por conhecimentos e experiências ancestrais talvez seja o elemento norteador desses encontros. Ali falamos, mas ouvimos muito mais do que apenas indicar as necessidades locais e reclamações pertinentes ao modus operandis com ao qual os sistemas de governos estão sendo cobrados por sua inobservância constante e desigual em especificidades populacionais.

As Marias de Cristo, maternam, ainda que as gestações não tenham sido suas “escolhas”. Elas cuidam, se sacrificam, renunciam a suas feminilidades esteticamente falando – “esquecem de si” e acolhem. O maltrato às mulheres é secularmente visto, denunciado, entretanto, apesar dos caminhos anunciados e construídos por nós mesmas, nos vemos anos luz do que seria ideal, e igual, uma vez que já se consegue ver a olho nu o tamanho dos descasos que persistem em deixar dentro da caverna, a qual, a escuridão, já não é mais sinônimo de cegueira, ou ocultação do obvio, e sim de continuidade do patriarcado.

Sejam no campo, na labuta com a terra, com enxadas, em terras secas ou férteis, no mar, ou rio a fora, entre lamas de manguezais, nossas labutas têm significâncias históricas.  Afrolatinas, caribenhas, brasileiras, a cada denúncia se acentua ainda mais e com maior perversidade a prevalência estatística do enfoque de raça. Dialogar e fazer a leitura diária estampadas em jornais, redes sociais, ouainda presenciando os fatos, é o que nos move diariamente em busca de oportunidade que nos permita alternância ou paridade de gênero e raça nas esferas de poder, públicas ou abstratas nos caminhos de acessos proibidos a nós.

A potencialidade inerente às mulheres, permite um lugar especial em suas ações, na manutenção de valores que são imprescindíveis a vida, mas que ao mesmo tempo são fatores que contribuem para o atraso da emancipação feminina. Obviamente que essa percepção vem das construções e estatísticas que comprovam como as mulheres não logram oportunidades nos lugares que possam exercer essas potencialidades por diversos impeditivos que anulam suas presenças, e em especial, nos espaços de poderes e decisões. Essas constatações são de subjetividades singulares que ganharam contornos as invisibilidades as quais as mulheres são e estão submetidas em toda sociedade. A alcunha da fragilidade usada como estratégia de anulação, já não se sustenta mais sobre as mulheres.

Os múltiplos e inquestionáveis papeis e práticas femininas, as levam a um lugar irretocável quanto as suas condições econtribuições para a história social, cultural, econômica e política, permitindo assim, questionarmos sobre a invisibilidade que persiste. Portanto, ouvir e contribuir para que haja participação do gênero feminino, em paridade de direitos no âmbito democrático representativo e participativo é função de todos.

Promover a escuta atenta ao lugar de fala e experiências das mulheres do campo, da zona rural, dos quilombos, das aldeias indígenas, contribui para que seja possível que suas vozes e anseios cheguem às discussões políticas e formações sobre pertencimentos identitários, tão fundamentais para o alcance de uma verdadeira prática dedemocracia e direitos constitucionais.

 MULHERES, FILIEM-SE AO PSB! 

Assessoria de Comunicação do PSB Bahia
Laís Lopes
Jornalista – DRT: 4838/BA