Potencializar a economia da região da Costa do Cacau, com a implantação de novas tecnologias e a geração de uma cadeia econômica forte e produtiva que vincule, de um lado, a fabricação do chocolate e, do outro, o desenvolvimento do turismo. Esses foram um dos principais anseios externados por lideranças políticas que estiveram presentes no Seminário de Desenvolvimento do Sul da Bahia realizado, nesta sexta-feira (2/05), pela aliança nacional PSB-Rede-PPS-PPL, em Ilhéus, e que contou com a presença do pré-candidato a presidência da República, Eduardo Campos e sua vice, Marina Silva.

Anfitriã do evento, a pré-candidata ao governo da Bahia, senadora Lídice da Mata (PSB), lembrou que a região viveu do apogeu ao fracasso e chegou a ser responsável por 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, antes de ter sua produção devastada pela Vassoura de Bruxa. Segundo Lídice, se o cacau fosse uma cultura do sul do País, muitos desses problemas estariam resolvidos. “O produtor baiano vive a superação em doses homeopáticas e é por isso que a formação da nossa chapa significa a redenção da nossa região”, reforçou.

Segundo a senadora seria impossível Eduardo e Marina irem ao Sul da Bahia sem que fosse incluída na agenda uma discussão de projetos de infraestrutura fundamentais para integrar a Bahia e o Nordeste a produção do Brasil, a exemplo da Ferrovia Oeste-Leste, o Porto Sul e a duplicação da rodovia que liga Ilhéus a Itabuna. Lídice ressaltou que a ferrovia Oeste-Leste pode significar a integração da produção de minérios de ferro e de soja do Estado a produção do Norte e Sul e a Transnordestina, “impedindo que eles façam um desenvolvimento que não leve em conta esta parte do Brasil”. Lídice também considera importante discutir com Eduardo e Marina o Porto Sul porque. segundo ela, não existe uma grande ferrovia sem que haja um porto para escoar a produção. Muito reivindicada por uma das principais lideranças da região, o pré-candidato a deputado federal Bebeto Galvão, como forma de ligar a Costa do Cacau a Costa do Descobrimento, a rodovia Ilhéus X Itabuna fará com que as cidades se tornem, na visão de Lídice, a próxima região metropolitana da Bahia. “As duas cidades significarão um grande polo de desenvolvimento, provavelmente o segundo do Estado. Os projetos existem, eles só não conseguem sair do Papel”, criticou.

Porto Sul

A pré-candidata ao governo explicou aos líderes, militantes dos partidos e ao pré-candidato à presidência Eduardo Campos, que participou da discussão para implantação do Porto Sul enquanto deputada de oposição, época em que a região estava empobrecida e criou-se uma grande esperança com a eleição do petista Jaques Wagner. “Me elegi deputada federal e senadora vindo a região e fazendo promessas. Nós não podemos voltar aqui para repetir as mesmas promessas que não foram cumpridas. Nós temos que assumir o compromisso de realizá-las porque nós temos a possibilidade de fazer aquilo que Eduardo e Marina estão pregando, a nova política, que não se reduz apenas a uma política equivocada de um partido que exclui os seus aliados de um projeto político coletivo e o torna um projeto exclusivista”.

“Temos a convicção que podemos representar uma política nova, que não se deixa contaminar pelas velhas práticas do passado. Aliás, a região sabe, todo povo sabe, ninguém gosta de café requentado nem de chocolate frio. Também não vamos ficar na situação insossa que é o que se apresenta como perspectiva para o governo da Bahia. A continuidade do PT ao governo da Bahia é a afirmação de um caminho da não política, de um continuísmo sem criatividade”, frisou Lídice.

Cenário político da Bahia

“O PT fez muito pelo Estado, mas errou ao querer empurrar na garganta da população o candidato Rui Costa, que é um bom companheiro, mas não diz a que veio”. Foi com essas palavras que o secretário-geral do PSB da Bahia, Domingos Leonelli, resumiu o projeto do partido de lançar a senadora Lídice da Mata pré-candidata ao governo do Estado no pleito de outubro. Leonelli reafirmou que a militância do PSB acredita nas candidaturas de Lídice ao governo e de Eliana Calmon ao Senado Federal porque “são duas candidatas de mãos limpas”.

De acordo com Eliana Calmon, o fato de estrear na política este ano tem dado o ensejo de dizerem que ela não sabe fazer política. Quanto a isto, ela fez “duas observações: primeiro, eu não quero fazer a política que historicamente atravessou este País. Segundo: eu quero fazer uma política nova, a política ensinada por Marina e Eduardo. Precisamos fazer a política do diferente, a política dos princípios, a política dos projetos e de comprometimento com a sociedade”, disse.

Nova Política

A fundadora da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, iniciou seu discurso fazendo uma analogia entre Lídice da Mata e o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. “Quem é Lídice? Uma mulher corajosa, prefeita de Salvador que foi boicotada e que não fazia a velha politica. Se ela não fosse boicotada, a velha politica morreria mais cedo. Eduardo vem da luta democrática de Miguel Arraes, da luta pela reforma agrária, justiça social. Eleito governador fez tudo para cumprir aquilo que o povo lhe confiou. É o político mais bem avaliado do Brasil e isso é nova política”, explicou.

Marina também reforçou que existe uma coligação formal com quatro partidos, o PSB-Rede-PPS-PPL e que a aliança está conversando com outros, inclusive com o quinto partido, que, na sua visão, é o mais importante da coligação. Segundo ela, a presidente Dilma Rousseff tem uma estrutura grande de recursos financeiros e de partidos na sua base, o que dá o direito ao PT de vencer as eleições. “Eu e o Eduardo, este grupo que está aqui, nós temos dignidade na nossa campanha, mas não temos as grandes estruturas que eles têm. Se eles ganharem, eles vão agradecer a velha política porque a Dilma hoje está com o Collor, com Sarney, com Maluf, com Renan. Eles vão agradecer aos de sempre da velha política. Se nós vencermos vamos agradecer ao quinto partido, o mais importante, que é o povo brasileiro”.

Baixo crescimento econômico

Eduardo Campos criticou a pouca atenção que o governo Federal tem dado ao Nordeste nesses quase quatro anos do governo Dilma, região em que ela recebeu cerca de 10 milhões de votos, e o baixo desempenho econômico considerado por ele como um dos piores da história da República brasileira. “Em dois anos, 40 usinas foram fechadas e um milhão de empregos ficaram em risco no Brasil. Nosso crescimento econômico tem sido desastroso, menor do que o de países vizinhos, sem contar que toda vez que você eleva a inflação, corroí a renda”.

O pré-candidato a presidência da República finalizou o Seminário de Desenvolvimento do Sul da Bahia lançando uma reflexão à plateia. “Se você acha que a crise na Petrobras e no setor elétrico está correta, você já tem um caminho. Agora, se você acha que esse caminho já deu o que tinha que dar e que também não é caso de voltar atrás, de negar as conquistas que foram feitas nos últimos anos, mas que é necessário preservar as conquistas e poder produzir novas, nós estamos nos apresentando. O Brasil não aguenta mais quatro anos disso que está aí”.

 

Carine Andrade, Ascom PSB-BA