O primeiro trecho da Ferrovia de integração Oeste-Leste (FIOL) foi arrematado pela Bahia Mineração (Bamin). O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), @antoniotramn, comemorou a vitória da FIOL em artigo publicado no Jornal A Tarde. Confira na íntegra.

FIOL: UMA VITÓRIA DA BAHIA

Vencemos! O leilão do trecho 1 da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) que acontece hoje, 08, é uma vitória da Bahia e dos baianos. Vencemos as forças contrárias à nossa mineração, à nossa logística e, principalmente, ao nosso desenvolvimento.

Uma vitória que não veio sem lutas. Com construção iniciada em 2011 e prevista para acabar em 2014, a FIOL passou por várias interrupções, sendo a última por conta de um aval do Tribunal de Contas da União (TCU) que precisou de dois anos e forte pressão da sociedade civil para sair. 

Os trilhos desta primeira etapa vão de Caetité ao Porto Sul, em Ilhéus, e devem colocar o nosso estado no seleto grupo de exportadores nacionais de minério de ferro, commodity que representa aproximadamente 4% do PIB brasileiro. Só a carga estimada pela Bamin deve ocupar um terço da capacidade da ferrovia, gerar 10 mil empregos, desenvolver toda cadeia produtiva ao redor da mineradora, incrementar salários na economia local, dentre outros benefícios.

Já o segundo trecho da estrada férrea, que vai até Barreiras, extremo oeste do estado, permitirá o escoamento, dentre outros, do algodão e do agronegócio da região, da madeira de Conquista e a viabilização da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Ilhéus. Por fim, a terceira parte, ainda em projeto, vai ligar a FIOL à Ferrovia Norte-Sul, integrando a Bahia à espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro e permitindo o escoamento de grãos vindos do centro do país para o Porto Sul. 

Estudos realizados pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) mostram que o centro-oeste baiano, onde fica Caetité, é rico em minério de ferro e outros minerais. Na esteira da FIOL, a CBPM já trabalha para atrair mais investimentos para oportunidades identificadas na região e, também, em estudos de novas jazidas minerais a 100 km de distância de cada lado dos trilhos.   

O modal ferroviário é imprescindível para um estado que cresce, como a Bahia. Além do agronegócio pujante, que representa 25% do PIB do estado, já somos o quarto maior produtor mineral do país. Em 2020, mesmo com a pandemia, a produção mineral comercializada no estado cresceu 59% em relação ao ano anterior.

Mas, com exceção das pedras preciosas, não dá para fazer mineração com caminhão. Para seguir crescendo, a Bahia precisa de um modal ferroviário forte, moderno e competitivo. Por isso precisamos lutar tanto pela FIOL quanto pela FCA (Ferrovia Centro-Atlântica). 

Em 1996, quando a FCA passou a operar sob gestão da VLI, a malha ferroviária na Bahia correspondia a 1942 quilômetros e transportava cargas e passageiros. Hoje, segundo a própria concessionária, são 1550 quilômetros. Os trens sumiram, não transportam nem cargas e nem passageiros. Houve sucateamento da malha, abandono de trechos e até mesmo o desmembramento de pontos importantes como o acesso ao porto de Aratu. 

Temos uma enorme demanda. Segundo levantamento feito pela CBPM na base de dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), mais de 6 milhões de toneladas de minérios foram produzidas a menos de 50 km da FCA em 2020. Outro exemplo é a expressiva carga de frutas produzidas em Juazeiro que poderiam vir de trem, mas chegam ao porto de caminhão ou até mesmo de avião.

E a luta pela FCA tem que ser agora. A VLI já pediu à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para operar a ferrovia por mais 30 anos. A sociedade baiana precisa garantir que a empresa, ou qualquer outra concessionária, invista na malha baiana da ferrovia. Os produtores baianos não podem passar mais 30 anos no atraso. 

Antonio Carlos Tramm – Presidente da CBPM