Leia o artigo do integrante da Executiva Nacional do PSB e ex-deputado federal, Domingos Leonelli, sobre o fechamento das fábricas da Ford no Brasil. Na Bahia, com a saída da indústria automobilística, mais de 70 mil empregos, entre diretos e indiretos, serão afetados.

ASSIM É FORD…

Se tivéssemos um governo de respeito, exigiríamos a devolução do impostos não pagos, em troca da manutenção dos empregos.

Depois de décadas usufruindo, inicialmente de de uma reserva de mercado para multinacionais, proporcionada por Juscelino Kubitscheck, e depois de bilhões de dolares em renúncias fiscais, a Ford dá uma solene banana para a economia brasileira e fecha suas três fábricas no Brasil. A última delas na Bahia, onde além do terreno, recebeu toda espécie de favores fiscais e de mercado.

O fechamento da Ford simboliza bem o ocaso da indústria 2.0 no Brasil e, talvez, o inicio de uma recessão estrutural sem precedentes.

Henri Lefevre escreveu na década de 60 em seu livro “O Direito à Cidade”, que o automóvel era o “objeto rei do capitalismo”, tamanha a centralidade e da grande cadeia produtiva que se desenvolvia em torno da fabricação de automóveis. Mais do que isso, tal como aconteceu no Brasil, cidades foram redesenhadas a partir do interesse da industria automobilistica.

O golpe militar de 64 fez o favor de desmantelar a nossa navegação de cabotagem e nosso sistema ferroviário, para favorecer o modelo rodoviário, muito mais caro e demandante de obras públicas para funcionar plenamente. E agora a Ford puxa debandada da indústria automobilística. Certamente, conta com a subserviência do “chicago boy”, Paulo Guedes, para favorecer a importação de seus automóveis fabricados na Argentina.

Houvesse o mínimo de dignidade nesse governo de Bolsonaro e exigiria da Ford devolução dos bilhões de reais-dólares de impostos não pagos e repassados à empresa como renúncia fiscal nos sucessivos governos de FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Issó é dinheiro do contribuinte, do trabalhador brasileiro que a Ford embolsou para supostamente manter os empregos.