Novembro Negro: a força de um povo ancestral 

“Vou contar com você amor, pra chegar seja onde for…”

Arlindo Cruz, cantor e compositor, em um de seus versos e prosas, do samba carioca, nos disse que pra chegar precisaríamos de amor.Encontrar o cais, no lugar de paz, para nunca mais conviver com a dor.  

E foi assim que fizemos em outubro, nas eleições.

Iniciamos novembro com a fé e a certeza de que o amor sempre vencerá.  Saímos de um levante nordestino, onde a força dessa região, e, em especial, a energia sincrética, ancestral e espiritual existente na Bahia, foi o fio condutor para a vitória da democracia na política.  

Vencemos o ódio, freamos o fascismo e nos seguramos no poder do povo. Mais uma vez, na união do povo negro, indígenas e brancos,que num só desejo, uniram forças e fé para derrotar o fascismo, a mentira e o ódio que se espalhava na política.

Novembro Negro, das artes negras, de lutas e comemorações na lembrança do legado de Zumbi, Dandara, Alaíde e Dadá Guimarães. Ancestrais que nos ensinaram a não desistir, que nos disseram que sim, era possível.

Elas e eles que nos conduziram às forças da mata, ao esconderijo, ao segredo secreto, que vence demanda e guerras. Nosso esconderijo sempre foi o Orí, na força do pensamento, da sabedoria, da estratégia, da intuição e dosfeitiços de proteção. A essas forças ancestrais, saudamos infinitamente!Seguimos seus ensinamentos e dizemos em voz alta: estamos vencendo!

A esperança que renasceu no povo, em um desejo audível de paz e distribuição igualitária de políticas públicas, novamente desobedece indo contra a permanência da desigualdade regional, social, racial e de gênero que cada voto contabilizado nas urnas ratificaram o tamanho das nossas forças ancestrais.

População essa que mais precisa de um olhar cuidadoso e empático, para que assim, as melhorias, os acessos, e as oportunidades sejam possíveis para todes, todas e todos. O povo merece e anseia por caminhos de bem viver.

É a partir desse lugar, em um mês forte e ancestral que celebramos ao legado de quem veio primeiro, lutou, sofreu, venceu e deixou uma encruzilhada de saberes e entendimentos de pertença e identidade que nos permite dizer o que não mais queremos, o que não merecemos e, que nos permite dizer, como queremos.