Após tomar conhecimento sobre o decreto da Prefeitura de Boa Nova, interior da Bahia, que proíbe a prática de capoeira em locais públicos, como praças, ruas, avenidas, clubes, escolas municipais e até em quadras poliesportivas sem a devida autorização, o vereador de Salvador Sílvio Humberto (PSB) colocou o seu mandato à disposição da Associação de Capoeira Netos do Mestre Canjiquinha, coordenada por Mestre Amado, organização apontada como a responsável pela resolução do Executivo.

De acordo com Sílvio Humberto, um ato como esse, que coíbe a prática da capoeira, é desconsiderar todo o legado cultural de um povo e o seu reconhecimento pelo IPHAN como patrimônio imaterial da nação. “Não podemos voltar no tempo. Até a década de 1930, era considerado vagabundo, subversivo quem praticava capoeira, e hoje sabemos que ela é responsável pela ascensão de várias famílias no Brasil. A capoeira integra, disciplina, ensina o respeito aos mais velhos, resgata e oferece oportunidades. Valores fundamentais para termos uma juventude viva e orgulhosa”, disse o parlamentar.

Além de prestar solidariedade e colocar o seu mandato à disposição, Sílvio Humberto já acionou as instâncias estaduais para acompanhar o caso. “Já entramos em contato com a Sepromi, o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra e a comissão de promoção da igualdade racial da Assembleia Legislativa. Estamos vigilantes e seguiremos atento”.

Questionado sobre o fato de acompanhar uma polêmica que acontece em outra cidade, Sílvio Humberto fez questão de dizer que é preciso se manter informado e que práticas abomináveis devem ser combatidas em quaisquer lugares. “Ainda que não seja em Salvador, onde fui eleito vereador, a proibição da capoeira em local público, é um ato que atinge a história do povo negro no Brasil. Não podemos permitir e se isso for aprovado e levado a sério, outras cidades podem querer seguir esse mau exemplo, por isso temos que combater desde já”, resumiu.

Fonte: Site Política na Rede