20 de Novembro. Dia Nacional da Consciência Negra. Para marcar esta data, a Câmara Municipal de Salvador promoveu, no Plenário Cosme de Farias, uma sessão solene regimental coordenada pela Comissão de Reparação da Casa para discutir a luta da comunidade negra no país. O encontro proposto pelo vereador Sílvio Humberto (PSB), membro da comissão, foi dirigido pelo presidente do colegiado, vereador Edvaldo Brito (PTB).

“A data de hoje deve ser considerada objeto de afirmações sobre a força da comunidade negra e sua valorização. Reafirmamos o nosso espaço de luta e a conquista dos nossos direitos”, enfatizou o vereador Edvaldo Brito, pontuando ainda que “pouco mais de 10% dos vereadores de Salvador são negros, o que demonstra a capacidade de liderança deste povo”.

Durante seu discurso, o vereador Sílvio Humberto recordou sua entrada na militância negra no início da década de 80 e relatou passeatas históricas realizadas na Ladeira do Curuzu, no bairro da Liberdade, no Pelourinho e no Campo Grande. “A questão racial não é um problema que atinge só os negros e sim toda a sociedade”, disse, citando nomes atuantes na causa em defesa dos negros, como Luís Orlando, Abdias Nascimento e Hamilton Cardoso.

Inclusão

“Afinal, o que é inclusão?”, com essa indagação a professora adjunta da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Elisabete Pinto, abriu seu discurso. Para ela, os jovens negros não precisavam ser mortos em tão grande escala, como acontece no mundo, se existissem políticas reais de inclusão social. “É preciso incomodar a sociedade e dar continuidade à política afirmativa que atenda à questão étnico-racial dos negros”, disse. A professora salientou ainda que “os negros precisam assumir suas responsabilidade, controlando de forma mais efetiva seu espaço na sociedade”.

Para o professor de Direito da Ufba, Samuel Vida, o dia 20 de Novembro possui pontos distintos. “São muitos os exemplos de conquistas, como as políticas públicas inclusivas. Por outro lado, existe a intensificação de mortalidade de jovens negros do Brasil, sendo necessário colocar o tema nos debates nacionais. Além disso, há que se destacar a falta de implementação de leis que protejam a comunidade negra, como o Estatuto da Igualdade Racial”, ressaltou Samuel Vida.

O secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia, Hamilton Oliveira, acredita que “a sessão realizada na Câmara é um espaço importante e reforça a valorização do negro em Salvador”. Ele acredita, porém, que ainda exista uma significativa injustiça social. “A comunidade negra sofre duas vezes. Uma por ser composta por negros e a outra por sua maioria viver em periferias”, detalhou.

Dignidade

Para o vereador Waldir Pires (PT), convidado a compor a mesa, a solenidade conduz a população a um estado de confiança e esperança por uma vida melhor. “O Brasil é digno e precisa acabar com o racismo imediatamente. Precisamos conquistas o direito de vida e justiça igual para todos”, disse Waldir.

O evento contou com a presença dos vereadores Odiosvaldo Vigas (PDT), Hilton Coelho (PSOL), Aladilce Souza (PCdoB), Fabíola Mansur (PSB), Suíca (PT), Euvaldo Jorge (PP), Kiki Bispo (PTN), Pedrinho Pepê (PMDB) e Gilmar Santiago (PT).

Estiveram ainda na sessão os representantes da luta negra em Atlanta, nos Estados Unidos, Joe Beasley e Richard Freeman, além de alunos de colégios estaduais de Salvador, representantes da Fundação Gregório de Matos e Secretaria Municipal da Reparação, Bahiatursa e entidades carnavalescas.

Fonte: Ascom Câmara Municipal de Salvador