Na próxima segunda-feira (2/6), às 11 horas, dois estudiosos do desenvolvimento econômico nacional serão homenageados em sessão especial do Senado Federal, por iniciativa dos senadores Lídice da Mata (PSB-BA) e Inácio Arruda (PCdoB-CE): os economistas Rômulo Almeida e Ignácio Rangel.

Economista de formação, Lídice da Mata destaca a importância das contribuições do professor e economista baiano Rômulo Almeida, nascido em 1914 e falecido em 1988, autor de vários livros, considerado “o pai” da estrutura estatal da economia brasileira e um dos responsáveis por impulsionar o desenvolvimento econômico da Bahia.

Em 2011, durante homenagem a economistas brasileiros, a senadora disse esperar que um dia o Estado pudesse homenageá-lo à altura de seus feitos. Agora, concretiza seu objetivo: no ano em que se comemora o centenário de seu nascimento, a Bahia promove diversas homenagens a Rômulo Almeida e o Senado realiza esta sessão especial, por iniciativa dos senadores Lídice da Mata e Inácio Arruda.

Na avaliação de Lídice, o centenário do nascimento de Rômulo Almeida enseja ocasião ideal para o Nordeste reinserir sua pauta no Congresso: “2014 é ano de Copa, de eleições e do centenário de nascimento de Rômulo Almeida. Ano de retomar a discussão sobre o planejamento enquanto ferramenta essencial para se repensar o Brasil. E Rômulo Almeida incorpora tudo isso, porque foi o primeiro planejador. Não dá para ficar apenas falando em guerra fiscal. Ou trabalhamos de forma conjunta ou não teremos capacidade de competitividade e essas disputas inter-regionais terminarão nos sufocando e se tornando impeditivas do nosso desenvolvimento”, disse a senadora durante audiência em que foram debatidas alternativas para o desenvolvimento da região Nordeste.

Ainda na opinião da parlamentar, “é fundamental que representantes eleitos pelos mais de 53 milhões de habitantes dos nove estados nordestinos estejam unidos em torno de uma agenda que busque reduzir as desigualdades regionais. Assim, ao homenagear Rômulo em seu centenário, estaremos dando um passo na recuperação desse processo de modernização e renovação do planejamento nordestino”, assinalou.

Essa união sugerida por Lídice pode ser exemplificada com essa sessão, que por iniciativa dos dois senadores também irá homenagear outro nordestino: Ignácio Rangel, cujo centenário de nascimento também acontece este ano.  ”Os diversos instrumentos de intervenção, do ponto de vista da economia, foram oferecidos a partir do pensamento avançado destes homens, que queriam analisar a realidade, pensar a realidade, planejar e criar os instrumentos capazes de promover o desenvolvimento do nosso País”, declarou o senador durante as homenagens realizadas em Salvador.

 

É atribuído a Ignácio Rangel e a Rômulo Almeida o esforço para, desde a década de 1950, no Governo Getúlio Vargas, até o Golpe de 64, pensar um projeto de desenvolvimento para o Brasil que incluísse as regiões historicamente abandonadas, como o Nordeste. Os dois, ambos nordestinos, promoveram uma análise teórica e prática da realidade nacional, das potencialidades de cada região, para criar um plano de desenvolvimento regional.

 RÔMULO ALMEIDA –  Rômulo Barreto de Almeida nasceu 1914, em Salvador. Foi chefe da Assessoria Econômica da Presidência da República no segundo governo de Getúlio Vargas (1950-1954). Atuou como um dos principais teóricos e executores de um modelo de desenvolvimento nacionalista e independente do capital estrangeiro. De seu gabinete, germinaram as primeiras sementes da Eletrobrás, do Banco do Nordeste, da Petrobras, da Capes, BNDES, além de ter colocado na agenda política nacional importantes temas como o planejamento econômico e o planejamento regional. Após o Golpe de 1964, trabalhou na criação do Centro Industrial de Aratu e do Polo Petroquímico de Camaçari, e também na Comissão de Planejamento Econômico no governo de Antônio Balbino. Contrário à ditadura militar, foi presidente do MDB Bahia, partido pelo qual concorreu a uma vaga ao Senado, em 1978, e a vice-governador na chapa encabeçada por Roberto Santos, em 1982, derrotado em ambas. Morreu em 1988.

 IGNÁCIO RANGEL – Ignácio Rangel Mourão nasceu em Mirado, Maranhão, em 1914, e foi considerado um dos analistas econômicos mais originais do desenvolvimento econômico brasileiro. Cursou Direito na antiga Faculdade de São Luís, seguindo os caminhos de seus bisavô, avô e pai. Depois, seguiu carreira na Economia, como autodidata. Mudou-se para o Rio, onde fazia traduções para a agência Reuters. Seus textos de análise econômica rapidamente ganharam relevância e foi convidado para fazer parte do grupo de assessoramento econômico de Getúlio Vargas, tendo sido um dos redatores dos projetos de criação da Petrobras e Eletrobrás. Em 1953, escreveu seu primeiro livro “A Dualidade Básica da Economia Brasileira”, publicado em 1957. Nos anos 1950, integrou também os quadros do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), órgão vinculado ao Ministério da Educação que produzia estudos sobre os caminhos do desenvolvimento brasileiro. Foi, depois, convidado para realizar uma pesquisa a cargo da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), órgão das Nações Unidas instalado em Santiago. No retorno do Chile, Rangel ingressou no BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social), onde chefiou o Departamento Econômico. Chegou a ser convidado pelo então presidente João Goulart para ser ministro da Fazenda, mas recusou. Faleceu em 1994.

Ascom Lídice da Mata