A realização da Copa 2014 nestes meses de junho e julho foi uma extraordinária oportunidade para o São João da Bahia se internacionalizar, como produto turístico. Foram mais de 50 mil turistas e centenas de jornalistas estrangeiros que puderam viver aqui a festa, o forró, a culinária e, principalmente, o clima do São João.

Quantas visitas a operadores internacionais, viagens técnicas, participação em feiras internacionais, realização de workshops no exterior, campanha de propaganda, apresentações, seriam necessários para obter a mesma visibilidade no estrangeiro?

Durante muitos anos, o mercado de turismo nacional acostumou-se a ideia de que só existiam duas grandes festas de São João no Nordeste: Caruaru em Pernambuco e Campina Grande na Paraíba. E nós tínhamos um grande produto turístico interno, praticamente inexplorado para fora da Bahia. Internamente, 500 mil pessoas saem da capital para outras cidades e outros milhares circulam pelo próprio interior neste período.

Ao longo dos últimos sete anos, as equipes da Secretaria do Turismo e da Bahiatursa junto com o trade turístico, os produtores culturais, os organizadores de eventos e os cantores, compositores e músicos do forró, conseguiram transformar o São João da Bahia num produto turístico. Isso foi feito com atuação em duas linhas distintas, mas convergentes: apoiou-se as prefeituras na realização das festas no Interior e em outra linha promoveu-se a festa em Salvador e Porto Seguro, tudo acompanhado de ações promocionais e de propaganda nos mercados emissores, principalmente São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília.

Revelou-se a dimensão econômica do São João e o caráter democrático dessa economia, que além de beneficiar as grandes fábricas de cervejas e refrigerantes, calçados e roupa, contempla também a agricultura e a agroindústria familiar, com a produção de amendoim, milho, licores e bolos. E redescobriu-se o forró da Bahia que andou meio soterrado pelo sucesso do axé.

Apoiou-se os Sambas Juninos e as Quadrilhas de São João, como manifestações culturais autênticas. Pronto! Estava formatado o produto turístico-cultural São João da Bahia para o mercado nacional.

Em 2008 a CVC vendia 12 mil pacotes para a Bahia no mês de junho. Era o pior mês da baixa estação. Em 2012 a mesma CVC já comercializava 39 mil pacotes.

Trabalhou-se com o slogan “a maior festa regional do Brasil” o que corresponde a verdade pois em nenhum estado brasileiro faz-se a festa em 417 municípios.

Valorizou-se o forró da Bahia: 90% dos recursos dispendidos pela Bahiatursa em pagamento de cachês foram destinados a bandas e artistas locais. Investiu-se na qualificação profissional de cidades como Amargosa, Cachoeira, Santo Antônio de Jesus e outras.

Este ano, cabia então, receber bem os turistas estrangeiros com o projeto Guias e Monitores, cujos profissionais foram treinados ao longo de seis anos no Carnaval e na Copa das Confederações, e vender o São João da Bahia para o mundo! Em boa hora o Secretário Guilherme Belittani anunciou o cancelamento de um segundo carnaval na Copa. Afinal o carnaval da Copa em junho é o São João.

 

 

Domingos Leonelli – Ex-secretário do Turismo da Bahia e presidente do Instituto Pensar dleonelli@uol.com.br