“A saúde mudou muito nas últimas décadas, especialmente após a Constituição Cidadã que permitiu que qualquer cidadão tivesse acesso ao SUS”. Foi com essa constatação que o professor titular do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA), doutor Jairnilson Paim, abriu a palestra “Saúde: velhos e novos desafios”, durante o II Seminário Pensar a Bahia Sustentável com o tema Saúde realizado, em Salvador, nesta segunda-feira (28) pelo PSB, em parceria com o Instituto Pensar. As propostas retiradas na mesa de discussão com especialistas e representantes de entidades médicas e da sociedade civil  irão balizar o programa de governo do PSB para o Estado da Bahia na questão da saúde pública.

De acordo com Jairnilson Paim, autor de diversas publicações dedicadas ao tema, hoje o Sistema Único de Saúde (SUS) é “privatizado por dentro e por fora. Nós vivemos hoje o pior dos mundos porque vivemos o subfinanciamento do SUS e a subregulação do setor privado”, disse. Prova disso, segundo ele, é que no Brasil 69,1% dos hospitais são privados e somente 38,7% dos leitos privados estão disponíveis para o SUS.

“Houve uma expansão da Atenção Básica, mas na hora de realizar exames, principalmente de alta complexidade, o SUS fica refém do sistema privado. Houve um aumento do acesso ao Sistema Único, mas isso não significa acessibilidade e atendimento digno”, criticou. Na sua visão, mesmo em um país capitalista como o Brasil é possível se estabelecer um sistema público universal como fez, por exemplo, a Inglaterra. “É possível também compatibilizar o público versus privado, como faz muito bem o Canadá e a França”, explicou.

Pré-candidata ao governo da Bahia, a senadora Lídice da Mata (PSB) ressaltou que o tema Saúde Pública passou a se tornar uma das principais preocupações da população e que a ideia de fazer estes seminários de construção do programa de governo visa assumir compromissos com os especialistas que estão debatendo com o PSB e o Instituto Pensar. “Eu imagino os problemas de saúde fazendo um debate territorial com planejamento regionalizado. Nós temos que ter regras claras na descentralização no acesso aos serviços de saúde no nosso estado”, destacou. Lídice também atentou para necessidade de discussão sobre as condições de trabalho dos profissionais que compõem a saúde brasileira e disse que é preciso “criar uma carreira pública de médicos na Bahia”.

Discussão 

Coordenada pelo presidente do Instituto Pensar, Domingos Leonelli, a mesa de debates contou com a participação de Eduardo Mota, do ISC-UFBA; Raul Molina, presidente do Conselho dos Secretários Municipais da Saúde do Estado da Bahia; Jessé Brandão, representante do Conselho Federal de Medicina na Bahia (CFM-BA) e Maria do Socorro, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed).

Respondendo as intervenções da platéia composta por lideranças, militantes do PSB e da Rede Sustentabilidade e membros das entidades de classe, o médico Jessé Brandão disse que a proposta das entidades médicas é privilegiar os cargos de 1º e 2º escalão com a admissão de técnicos da área “e do segundo escalão para baixo com profissionais de carreira admitidos via concurso público”. Já Eduardo Mota, que foi secretário de saúde na gestão de Lídice da Mata na prefeitura de Salvador, defendeu a qualidade na gestão pública. “É preciso haver um fortalecimento e ampliação da rede pública própria de unidades do SUS. E é preciso que a próxima governadora retome a ideia de planejamento e pacto regional porque a Bahia não é o maior estado em cobertura de atenção básica e Salvador se apresenta entra as dez piores capitais do Brasil”, disse.

Após ouvir a explanação da presidente do Sindimed, Maria do Socorro, em que ela afirmou que enquanto médica plantonista do Hospital Geral do Estado e reguladora do Serviço Móvel de Urgência (SAMU) viu “por diversas vezes pacientes dois, três dias dentro de uma ambulância porque não temos leitos hospitalares e nem gestão desses leitos para encaminhar os pacientes”. A médica oftalmologista e vereadora de Salvador pelo PSB, Fabíola Mansur, demonstrou preocupação também quanto aos procedimentos de média complexidade, que são os exames e consultas.  “Eu sou defensora do SUS e da saúde de qualidade. Não se elimina gastos em saúde, nós melhoramos a gestão em saúde”, disse. A vereadora colheu assinaturas para o Saúde +10, projeto que prevê colher 2 milhões de assinaturas para que a União garanta 10% das receitas corretes brutas, uma forma de driblar o subfinanciamento.

Seminário –  O presidente do Instituto Pensar, Domingos Leonelli adiantou que na próxima quinta-feira (08/05) será realizado o III Seminário Pensar a Bahia Sustentável com o tema Educação. “A candidatura de Lídice se coloca como alternativa de esquerda baiana ao governo. De um lado temos a oposição de direita, representada por Paulo Souto e, do outro, o oficialismo de direita, com Rui Costa e os carlistas Otto Alencar e João Leão. A nossa chapa está discutindo com a sociedade e não com um grupo de representantes do partido, nas mais diversas regiões, o programa de governo que o PSB apresentará para Bahia”, destacou.

 

Ascom PSB-Bahia