O debater a “Educação em Tempo Integral: Profissional e Ensino Médio” foi o propósito da terceira mesa do 3º Seminário Pensar a Bahia Sustentável promovido pelo PSB, em Parceria com o Instituto Pensar, nesta sexta-feira (09), no Colégio 2 de Julho, em Salvador.  Foram discutidos os pontos positivos e os entraves da implantação dos Programas Escola Aberta e Mais Educação, ambos do Governo Federal, nas escolas da Bahia.

Na visão da comunidade acadêmica representada por gestores e professores de escolas públicas, professores da rede privada e, ainda, lideranças e militantes do PSB que participaram da mesa temática, quanto ao programa Escola Aberta, é inquestionável a contribuição que tem sido dada para redução da violência nas comunidades carentes, uma vez que abrindo as escolas nos fins de semana e oferecendo cursos profissionalizantes, a comunidade enxerga na escola a possibilidade de se capacitar e obter uma renda. “Sem contar que quando a comunidade se junta à escola, os indivíduos têm menos risco de depredar e saquear o espaço público”, explicou o professor Sérgio Silva, filiado ao PSB e proprietário de um curso pré-vestibular em Salvador.

No entanto, de acordo com os educadores, para que o programa dê certo é preciso que seja feito um levantamento das demandas de cada comunidade, a criação de um sistema de recrutamento, seleção e acompanhamento dos monitores que ministram os cursos, evitando, assim, os “apadrinhamentos” e a implementação de uma política de remuneração dos profissionais que são escalados para trabalhar nos fins de semana.

Outro ponto trazido pela professora da Escola de Serviço Social da Universidade Católica do Salvador (Ucsal), Claudia Correia, é a importância de se estabelecer o diálogo com os líderes comunitários, de forma que os cursos oferecidos estejam em consonância com a realidade daquela localidade. “Não adianta oferecer cursos de cabeleireiro e padeiro num lugar em que as pessoas não terão a menor condição de abrir seu próprio negócio. É preciso identificar quais são as demandas”, sugeriu

Já o Programa Mais Educação é voltado para estudantes do 6 ao 9 ano do Ensino Fundamental II e visa promover educação em tempo integral ao alunos que, no turno oposto ao horário das aulas, participam de atividades como teatro, dança, aulas de informática, reforço escolar, entre outros.

“O Escola Aberta e o Mais Educação são programas que não foram pensados para dar certo. O professor tem uma carga enorme de trabalho e não é remunerado por aquilo que faz. Sem contar que a verba do governo Federal quase nunca chega”, criticou Flávia Ribeiro, gestora do Colégio Estadual Desembargador Pedro Ribeiro, situado em São Caetano.

Ensino Médio Profissionalizante – Na Bahia existem 37 unidades do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP’s) e 47 unidades do Centro Territorial de Educação Profissional (CETE’s), este último oferece cursos profissionalizantes nas cidades do interior em articulação com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).  A vantagem dos Centros, de acordo com Sérgio Silva, é que as escolas têm parceria com empresas conveniadas, o que possibilita ao aluno participar do programa de estágio dessas instituições e já sair empregado, em alguns casos. A desvantagem, ele aponta, “é a irregularidade no repasse da verba, o que ocasiona o desestímulo dos coordenadores e supervisores, que acabam recebendo o pagamento fora do prazo; e a evasão dos alunos, que não recebem o dinheiro de transporte”, diz.

Como propostas para melhoria do programa, os professores sugeriram que as escolas de ensino médio ofertem as modalidades de ensino regular ou profissionalizante, desde que fique a critério do aluno a escolha da modalidade em que ele quer cursar, uso das mídias sociais nos cursos técnicos, oferta dos cursos profissionalizantes a pessoas com necessidades especiais, adequação da proposta para comunidades indígenas e quilombolas e a reformulação da grade curricular de forma que atenda as exigências do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “O aluno quando vai fazer a prova do Enem  se depara com conteúdo interdisciplinar, mas a escola continua ensinando de forma disciplinada, o que deixa os alunos da escola pública numa corrida desigual”, salientou a professora Juci Silva.