Ex-secretário do Turismo da Bahia e ex-deputado federal em três mandatos, o publicitário Domingos Leonelli, que atualmente preside o Instituto Pensar, foi um dos palestrantes do II Encontro Internacional de Jornalistas de Turismo, realizado em Salvador. Durante o evento, organizado pela Abrajet, ele defendeu, durante palestra de 43 minutos, voltada para profissionais de comunicação de todo o País, a utilização da Economia Criativa como estratégia de desenvolvimento e foi taxativo: “O último grande projeto de nação do Brasil é do Governo Vargas”, numa referência à criação de estatais estratégicas para o desenvolvimento do País àquela época como a Petrobrás, Eletrobrás e Companhia Siderúrgica Nacional.

Leonelli também apresentou números do setor do Turismo, que representa 8,5% do Produto Interno Bruto Brasileiro, mas criticou a ausência de um mecanismo eficaz de cálculo para obtenção dos dados, conhecido como “Conta Satélite”.

Confrontado sobre a necessidade da intervenção do Estado para o incentivo de startups e empresas voltadas para softwares e games, o presidente do Instituto Pensar lembrou que a Apple, gigante do mundo de computadores e celulares não fora apenas uma empresa surgida na garagem de Steve Jobs. “Os Estados Unidos perceberam a importância estratégica de se investir neste negócio criativo”, disse.

Leonelli também citou exemplos como a Austrália e Grã Bretanha, países que apostaram na economia criativa e hoje colhem importantes frutos. “O Tony Blair – ex-primeiro ministro inglês – certa vez disse que o rock do Queen e dos Rollings Stones e Beatles rendia mais riquezas que as indústrias e ele estava certo”, comparou.

Para o ex-secretário do Turismo da Bahia, falta compreensão dos governantes sobre o quanto são importantes o Turismo e a Economia Criativa e deu exemplos. “O Brasil é o quarto consumidor mundial de games, mas não está nem entre os 15 principais produtores. Estes setores não chegam a 1,5% do orçamento real e nos estados e municípios, sequer ultrapassam a marca de 1%. Falta força política e enquanto isso não ocorrer, seremos apenas exportadores de grãos e minério de ferro. O Poder Público não entende que um hotel funcionando plenamente é mais importante e gera mais empregos que uma fábrica de detergentes”, disse.

Domingos Leonelli também defendeu a criação de uma empresa estatal para a Economia Criativa e disse que é preciso que o Estado inicie esse processo. “Quanto menos desenvolvido tecnologicamente é um País, menos desenvolvido economicamente ele é. Essa estatal teria que ser um pontapé inicial, nem que fosse privatizada depois”, afirmou.

Ele também chamou a atenção para o modelo de relações de trabalho na era da criatividade e citou o exemplo dos aplicativos de transporte que não investem, possuem um número mínimo de funcionários e uma margem de lucro considerada alta, já que não participa dos custos empregados pelos trabalhadores.