Educação foi o tema do 3º Seminário Pensar a Bahia, com diversos blocos de discussão, buscando desenvolver um programa de governo para ser implementado a partir de 2015 até 2019, tendo como objetivo principal colocar a Educação como eixo central da gestão do governo estadual.

Um dos blocos teve como questão “Educação Para Diversidade e Seus Desafios”. O debate começou com a fala da professora Ailda Damasceno, expondo sobre a educação de jovens, adultos e idosos e o afunilamento que vai sendo causado, de acordo a evolução no ensino. A cada mudança – do ensino fundamental, médio ao superior – maior o número de evasão devido à diversos fatores, em especial a necessidade de trabalhar. A professora destacou que não existe idade para o aprendizado. Que a educação precisa ser emancipatória e inclusiva, nas mais diversas esferas: quilombolas, indígenas, prisional e para todo aquele que por qualquer razão tenha abandonado os estudos em algum momento da vida.

“A diversidade é fundamental para uma revolução na educação e nas relações sociais”. Com esta fala a professora Cláudia Rocha, da Universidade Estadual da Bahia abriu sua explanação sobre como conscientizar a sociedade desde muito cedo sobre a diversidade no currículo escolar. Infelizmente, a coordenação de diversidade dentro da Bahia é muito pequena e este é apenas um dos nossos desafios. Apesar da existência de algumas experiências extremamente positivas, questões raciais, de gênero e sexualidade não fazem parte do programa de educação do Estado: “Ficamos dependentes da sensibilidade de alguns professores”, disse. Segundo Claudia, existe uma ausência de formação contínua dos professores. E não apenas professores, mas todos os profissionais que façam parte da comunidade escolar, evitando assim a construção e perpetuação de estereótipos pejorativos. Não existe um programa homogêneo em relação ao ensino que inclua a diversidade em seus temas e muito menos uma avaliação e monitoramento da rede de ensino.

O professor Milton Bezerra, filiado ao PSB e pioneiro no movimento da inclusão de pessoas com deficiência na rede de ensino, trouxe sua contribuição sobre a educação especial. Apesar de alguns avanços há um preconceito muito extenso contra os surdos, pois no senso comum, estes não teriam como se comunicar de forma efetiva. Existe muita dificuldade na contratação de intérpretes e tradutores de libras por parte do Estado, já que a remuneração é muito baixa. Em outros estados, existem experiências positivas, com concursos para contratação de intérpretes e tradutores de libras e braile, mas a Bahia continua no atraso. Há diversos projetos, mas que continuamente acabam sendo engavetados.

Críticas foram feitas ao atual modelo de programa de ensino, especialmente sobre a falta de projetos voltados para a educação especial, ensino e diversidade. Há poucos professores e os que existem são mal remunerados. Diversas propostas surgiram durante o debate, particularmente, sobre a formação de profissionais na área e de uma remuneração digna para aqueles que se arriscam numa área ainda pioneira na Bahia.