Sem política de Educação e de Segurança pública enquanto sustentáculos, as transformações urbanísticas não alcançam resultados efetivos na qualidade de vida da população. A constatação foi feita pela senadora Lídice da Mata ao retornar nesta sexta-feira (11) de Medellin, na Colômbia, onde representou o Senado juntamente com Inácio Arruda (PCdoB-CE) no 7º Fórum Urbano Mundial. Ela observou que boa parte das intervenções urbanísticas realizadas na cidade colombiana são inspiradas  em exemplos de cidades brasileiras, mas que os resultados ali obtidos foram muito superiores aos de nosso País.

“O BRT  foi inspirado em Curitiba, o modelo de transformação dos morros são imitados por ações desenvolvidas no Rio de Janeiro, como os Morros do Alemão e de Santa Marta. Mas o que a gente vê em Medellin é um resultado mais forte do que o que se vê no Rio, com um índice de integração e de mudança efetiva da qualidade de vida da população e isso que precisa ser investigado. A diferença é que  no exemplo colombiano houve uma forte base educacional sustentando isso, há também um modelo de polícia diferente do nosso. Todas essas questões devem fazer pensar e refletir em que políticas os governos estaduais devem investir para ajudar os prefeitos das grandes médias e pequenas cidades a se desenvolverem com qualidade de vida”, destacou Lídice.

Ela relatou que as intervenções feitas no projeto de mobilidade urbana, integrando o BRT ao metrô, e aos teleféricos que ligam os pontos mais altos e inacessíveis da cidade com uma só passagem de baixo valor, são associadas a ações de mobilização de cidadania e de fortalecimento da educação, como a implantação de cinco bibliotecas-parque e mais 25 bibliotecas convencionais espalhadas por todos os territórios da cidade.

“Só para efeito de comparação, Salvador, que tem uma população equivalente a Medellin, possui apenas três bibliotecas públicas”, lembrou. “O exemplo de Medellin é principalmente a ideia de transformação da cidade através da educação e a transformação da educação relacionada com as mudanças urbanas e a mudança na área de segurança pública”.

Para Lídice, a participação no Fórum Urbano Mundial irá agregar novos subsídios ao debate que o Brasil trava pela melhoria da qualidade de vida nas suas cidades. “O Senado é o espaço de defesa territorial dos Estados, e ninguém pode pensar em discutir o Brasil e seus Estados sem discutir as cidades brasileiras. Não é à toa que no nosso programa de governo, um dos cinco eixos da campanha de Eduardo Campos e Marina Silva é justamente  o novo urbanismo e o pacto pela vida”, lembrou.

“É preciso entender que a maior parte da população, 60% se encontram nos grandes centros urbanos que não se pode pensar em melhorar a vida das pessoas sem ter políticas  públicas que se relacionem com o contexto espacial em que estão inseridas”, acrescentou

Na Bahia, de acordo com a senadora, a discussão não será menos importante, embora o Estado tenha apenas duas grandes regiões metropolitanas e uma grande maioria de cidades pequenas e distantes entre si espalhadas pelo território. “Qual o papel que cada uma das cidades terá no desenvolvimento do Estado da Bahia? A partir do que ela produz, mas a partir do tipo de desenvolvimento que a gente quer que as nossas cidades tenham que tipo de equipamento que o governo do Estado vai dar sustentação?”, questiona.

Segundo Lídice, outro ponto fundamental que merece questionamento na Bahia e no Brasil é a participação dos entes privados no planejamento das cidades. “O metrô de Medellin tem uma biblioteca numa estação  que não é pública, é uma biblioteca particular. Há uma mobilização também e não é apenas para o Estado promover o investimento, mas para convocar o conjunto da sociedade – e aí entram os empresários  para serem sensibilizados com aquele plano, com aquele projeto estratégico de planejamento da cidade. Isso inverte a lógica do que a gente vê no Brasil, onde as grandes corporações empresariais planejam e projetam e os governos apenas contratam aqueles projetos. Há um sistema articulado entre projeto de mobilidade urbana com o conjunto de políticas que estão sendo desenvolvidas naquela municipalidade e isso dá outro resultado que não é o que temos obtido no Brasil”, conclui.

 

Assessoria

11/04/2014