Morreu na última segunda-feira (2), em Brasília, Sebastião de Barros Abreu, importante liderança para a reconstrução do Partido Socialista Brasileiro (PSB) nacional e na Bahia, após regime ditatorial de 1964. As causas não foram divulgadas.

A presidente do PSB Bahia, deputada federal Lidice da Mata, lamentou a morte de Sebastião e reconheceu a sua importância na luta pela democracia. “Ele foi um grande companheiro e que fez história na luta pela democracia e na reconstrução do nosso partido. Uma grande liderança”, lamentou.

Abreu nasceu no município de Goiás (GO), em 1926, e iniciou sua trajetória política ainda adolescente, quando ingressou na militância clandestina do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Na ocasião, conheceu Maria Aparecida, também ativista, com quem se casou, teve filhos, netos e bisnetos.

Formado em Direito e Jornalismo, Sebastião exerceu as duas profissões em favor das causas socialistas. Ele foi o primeiro presidente da Fundação João Mangabeira, fundada em 1946. Em 1985, em Brasília, após a ditadura, ele foi um dos principais nomes para a reconstrução do PSB, após anos de lutas e perseguições.

Fernando Mousinho*, militante do PSB do Rio Grande do Norte (RN) e amigo de Abreu, lembra da luta do companheiro pelas terras de Goiás, na defesa jurídica dos guerrilheiros aprisionados. Os fatos foram registrados no livro “Trombas: a Guerrilha de Zé Porfírio (1985)” e na obra “De Zé Porfírio ao MST: A luta pela terra em Goiás (2002)”, ambos de autoria do militante goiano. A história trata da luta pela terra no Rio Formoso, em Goiás, em meados de 1950.

“Na rota de Euclides da Cunha, na composição de ‘Os Sertões’, acompanhou de perto a campanha da luta pela terra em Goiás, mais precisamente na região de Trombas e Rio Formoso. Ao mesmo tempo em que registrava as escaramuças (breve luta) entre posseiros e os donos de latifúndio, e transmitia esses acontecimentos para fora da região, também se empenhava no transporte de armas e defesa jurídica dos guerrilheiros aprisionados”, conta.

E complementa. “Sebastião de Barros Abreu, traz à luz o pioneirismo da luta organizada dos sem-terra no interior do Brasil. O episódio exitoso ficou conhecido como “A guerrilha de Trombas e Formoso”.

Mousinho revela que Abreu tinha o sonho de conhecer Cuba. “Ele que foi responsável pela ida de tantos brasileiros socialistas à Ilha, que foram estudar, entre eles eu, não pôde esperar mais para obter essa láurea. Baluarte na história do PSB, Sebastião de Barros Abreu deixa um legado imensamente vasto e rico”, conclui.

*Colaboração de informações de Fernando Mousinho*