“Será que é possível nos dias atuais voltarmos a ter o planejamento sendo exercido de fato pelo Estado?”, questionou Lídice, em pronunciamento de encerramento do Seminário 100 Anos de Nascimento, organizado pela Sudene e realizado nesta quinta-feira, 15, no auditório da Fieb, em Salvador.

O desafio de resgatar o planejamento de forma criativa do futuro. Esta é, na opinião da senadora Lídice da Mata, a reflexão que as comemorações pelo centenário do baiano Rômulo Almeida deveriam inspirar para a Bahia e para o Brasil.

“Falo como representante da Bahia e é nessa condição que tenho a obrigação de fazer a população conhecer a dupla importância de Rômulo Almeida para o Brasil e para a Bahia, seja na contribuição marcante que deu para o nosso desenvolvimento econômico, seja no papel fundamental para a redemocratização do País”, justificou Lídice, para quem a iniciativa de resgatar a memória de Rômulo também deve ser cobrada dos órgãos públicos que ele idealizou e ajudou a criar, como a Petrobras, a Eletrobras, o Banco do Nordeste e o BNDES, entre outros.

A senadora lembrou Rômulo como um desbravador, ao ousar ser o primeiro líder oposicionista a tomar parte  do Desfile do 2 de Julho, Dia da Independência da Bahia. Já o vereador Waldir Pires recordou a época em que dividiu com Rômulo a liderança do MDB na Bahia em um momento em que o partido tinha apenas sete prefeituras contra as 360 restantes da Arena. “Socialista que sempre defendeu a democracia, não agiu por conveniência. Buscou planejar o futuro e em muito contribuiu para o desenvolvimento do País”, resumiu.

O evento também homenageou outro economista nascido há um século: o maranhense Ignácio Rangel. Também fizeram conferências o ex-governador da Bahia e atual vereador de Salvador, Waldir Pires, e o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que, juntamente com Lídice, é autor de proposição de sessão solene no Senado em homenagens aos dois ilustres economistas nordestinos, que deverá ser realizada na primeira semana do mês de julho

 Biografias

Nascidos em 1914, Ignácio de Moura Rangel e Rômulo Barreto de Almeida formaram-se em Direito, mas atuaram nas áreas de planejamento e desenvolvimento econômico. Trabalharam juntos na Confederação Nacional da Indústria e integraram a assessoria econômica do presidente Getúlio Vargas, entre 1951 e 1954, quando atuaram na concepção da Eletrobrás e da Petrobras.

Ignácio foi chefe do departamento econômico do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE), atual BNDES. Atuou no Plano de Metas do Governo JK e no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), órgão vinculado ao MEC. Foi articulista dos jornais Última Hora e Folha de São Paulo.

Rômulo concebeu, implementou e presidiu o Banco do Nordeste. Na Bahia, criou a Companhai de Energia Elétrica da Bahia (Coelba), foi vice-presidente da Rede Ferroviária Federal e reorganizou o Instituto de Economia e Finanças da Bahia durante a gestão de Antônio Balbino. Foi deputado federal entre 1954 e 1958, professor das Faculdades de Ciências Econômicas das universidades federais do Rio de janeiro e da Bahia e da FGV. Idealizou e defendeu a criação do Pólo Petroquímico de Camaçari.

Assessoria

15/05/2014