Ontem, a tentativa de um atalho estratégico entre as propostas de derrubada da ditadura por uma ruptura ou derrotá-la por meios democráticos da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Hoje, uma emergência nacional diante de uma sucessão de grandes desacertos políticos como a reeleição de Dilma Roussef, o seu impeachment e a inviabilização do governo de Michel Temer.

Nos anos de 1983 e 1984 a proposta contida na emenda Dante de Oliveira colocava-se como um caminho claro, simples e direto para o impasse que viviam as oposições brasileiras entre as alternativas da derrubada ou da derrota da ditadura. A tese da derrubada ia da luta armada ao golpe militar “democrático”. Já a tese de derrotar a ditadura, via Assembleia Nacional Constituinte, patinava na incerteza sobre quem convocaria a constituinte.

O caminho da aprovação da emenda Dante de Oliveira, começou em um pequeno grupo parlamentar do PMDB propondo a realização de uma campanha de caráter popular em torno da mesma.  Significava um atalho entre a ruptura proposta pela tese da derrubada e a lentidão do processo que teria pela frente a tese da constituinte.

Diretas Já ganhou a bancada do PMDB, depois o seu Diretório Nacional, depois os outros partidos de oposição, depois a OAB, a CNBB, a ABI e outros. E depois os Governadores do PMDB e PDT. Acabou se constituindo na maior mobilização popular do século XX.

Ontem, como hoje, as Diretas Já querem devolver ao povo o protagonismo na solução da crise que o país está mergulhado, desde a reeleição de Dilma Roussef e extremamente piorada após a ascensão de Michel Temer à Presidência da República.

Ontem, como hoje, é o atalho democrático necessário às alternativas postas: a manutenção de um presidente investigado por corrupção; ou a ascensão de um deputado do DEM que nem candidato teve a Presidente da República nas eleições de 2014.

Ontem, como hoje, precisa-se direcionar a campanha para a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que possibilite a antecipação das eleições, de preferência, gerais, porque é da tradição brasileira que as grandes mobilizações ocorram em função da aprovação de projetos de Lei. Foi assim, com as campanhas do Petróleo é Nosso, do impeachment de Collor e das Diretas 83/84.

Domingos Leonelli