A Economia Criativa pode ser o caminho mais curto para o Brasil sair da crise. A avaliação foi dos especialistas que participaram, neste sábado (16), do seminário Feira Cidade Criativa.Com, no Teatro da Câmara de Dirigentes Lojistas, em Feira de Santana, a 108km de Salvador. O evento, organizado pelo Instituto Pensar e Fundação João Mangabeira, reuniu cerca de 400 pessoas, entre acadêmicos, pesquisadores, especialistas em start ups e estudantes, num debate sobre o desenvolvimento econômico e social da segunda maior cidade do Estado.

O presidente do Instituto Pensar, Domingos Leonelli, explicou que Feira de Santana foi escolhida para sediar o evento por ser uma cidade dotada de grande parque industrial e logístico e com potencial nas áreas da cultura, comércio e indústria,  o que possibilita uma abordagem mais aprofundada do tema. Ele também lembrou que os empregos gerados na economia criativa são mais baratos, o que pode ser uma solução rápida para o momento do país, que vive uma crise financeira.

O ex-governador do Espírito Santo e presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande, adiantou que a instituição realizará seminários temáticos em outros estados da federação. Sobre o cenário nacional, ele reiterou que o Brasil atravessa uma profunda crise econômica, ética e política, portanto “debater a economia criativa é fundamental para estabelecer as condições necessárias para um desenvolvimento sustentável do país”.

A senadora Lídice da Mata ressaltou que a economia criativa está presente no planejamento estratégico do PSB e que o partido irá incluir o tema nos programas de governo dos candidatos que disputarão as eleições municipais em 2016 pela legenda, na Bahia.

Painéis – O seminário teve como uma das principais expoentes a doutora em urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e consultora da Organização das Nações Unidas (ONU), Ana Carla Fonseca. Ela apresentou um estudo intitulado Cidades Criativas, de sua autoria, em parceria com especialistas de 12 países, que conclui que a primeira marca de uma cidade criativa é a inovação. Ela exemplificou a produção de telhas solares em uma cidade italiana como uma proposta ligada a arquitetura e reiterou que “é preciso engajar o cidadão na proposta de transformação da cidade porque criativa não são as cidades e, sim, as pessoas”.

Na palestra sobre Economia da Cultura X Economia Criativa, o mestre em Cultura Contemporânea e vice-reitor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Miguez, fez uma relação entre os temas desde meados do século XX quando a economia da cultura ganhou adesão popular com as festas juninas e o Carnaval e falou sobre a “tecnologização” da cultura com o surgimento do cinema.

Durante o seminário Feira Cidade Criativa.Com a plateia fez intervenções e perguntas aos especialistas. Na mesa que debateu os Novos Modelos de Urbanização Social e Econômico, o economista e ex-presidente do Sebrae, Edival Passos, afirmou que o modelo atual de empreendedorismo do século XXI é predatório e que vai na contramão da sustentabilidade. Ele reforçou que “através da economia criativa é possível causar um impacto social positivo na renda das pessoas e na capacidade de consumo”.

O especialista Ronaldo Tenório, apresentou o case “A história do melhor aplicativo social do mundo -ONU 2013” e, no último painel, o expositor Alejandro Castañé falou sobre experiências inspiradoras em Medellín, na Colômbia, e de inovações urbanas em Buenos Aires, na Argentina, onde atualmente dirige a plataforma Sampa Criativa, que visa estimular a transformação da cidade tendo como protagonista o cidadão.