Por proposição da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), Cesar de La Rocca, presidente do Centro de Projetos Axé de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente, será um dos agraciados com a Comenda Dom Helder Câmara, criada pelo Senado Federal para anualmente homenagear personalidades defensoras dos direitos humanos e da cidadania. La Rocca nasceu em Florença na Itália e atualmente vive em Salvador. É teólogo e filósofo pela Faculdade Italiana de Pistoia, além de ser formado em Direito. Especialista em diversas áreas, destaca-se por sua atuação em defesa dos direitos de crianças e adolescentes, cuidados básicos de saúde, pedagogia da criança em situação de risco e  pedagogia de meninos de rua. Em setembro, durante as comemorações dos 25 anos do Projeto Axé, referência mundial em reinserção social de crianças, jovens e adolescentes por meio da arte-educação, La Rocca recebeu o título de cidadão baiano em sessão especial realizada na Assembleia Legislativa da Bahia, por iniciativa da deputada estadual Maria del Carmen (PT).

Ao justificar sua indicação, a senadora baiana disse que o Senado, ao conceder a Comenda ao fundador do Projeto Axé, honra a memória do próprio D. Helder: “A história de vida de La Rocca demonstra como as transformações nas políticas públicas são capazes de se apropriar dos instrumentos para promover a ‘melhor educação para os filhos dos mais pobres’ (princípio inegociável de Cesare e sua obra). Basta visitar as unidades do Projeto Axé, conversar com educandos, ex-educandos e com educadores para comprovar o merecimento da Comenda”.

Esta é a sexta edição do prêmio, que será entregue em dezembro, em sessão especial com data ainda a ser confirmada. No total, serão seis agraciados: além de La Rocca, também receberão a Comenda Maria Berenice Dias, presidente da Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e vice-presidente nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM); Gleice Francisca Machado, presidente da Associação Brasileira do Xeroderma pigmentoso (doença rara que provoca deformidades físicas na pele); o Padre Paulo Roberto, que criou a Fundação do Instituto do Câncer Joel Magalhães, conhecida como IJOMA em Macapá; Wellington Dantas Mangueira Marques, formado em História pela Universidade Federal de Alagoas e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Sergipe, defensor de causas populares que foi perseguido e torturado durante o regime militar; e Yvonne Bezerra de Melo, criadora e presidente do Projeto Uerê (1998 -2005), coordenadora do Programa Sueco para Crianças Deficientes em Lisboa. Também será homenageado Dom Moacir José Vitti (in memoriam).

A Comenda foi criada por meio da Resolução 14/2010 do Senado e leva o nome do ex-arcebispo de Olinda e Recife Dom Hélder Câmara, conhecido por sua defesa dos mais pobres e dos perseguidos políticos. Podem indicar candidatos entidades com atuação nacional, senadores e deputados. As indicações são encaminhadas à Mesa do Senado e analisadas por um conselho com representantes de todos os partidos políticos com representação na Casa. Este ano, o Conselho da Comenda é presidido pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), tendo como vice-presidente o senador Paulo Paim (PT-RS). A senadora Lídice da Mata também é membro do Conselho. Já foram agraciados com a comenda nomes como Dom Paulo Evaristo Arns, Joaquim Barbosa, Zilda Arns (in memoriam), Marcelo Freixo e Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, entre outros.

Dom Hélder Câmara – O bispo católico Dom Hélder Câmara foi um dos fundadores da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ficou conhecido pela sua defesa dos direitos humanos durante o regime militar brasileiro. Foi o único brasileiro indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz. Nascido no Ceará, teve sua atuação de maior destaque em Pernambuco, onde foi arcebispo de Olinda e Recife entre 1964 e 1985, período que coincide com o regime militar. Destacou-se por pregar uma igreja simples, voltada para os pobres, e pela defesa de atitudes não-violentas em todas as interações humanas. Quando encerrou sua passagem como arcebispo de Olinda e Recife, aos 75 anos, passou a morar nos fundos da Igreja das Fronteiras, no Recife. Faleceu em agosto de 1999, aos 90 anos.

Ascom senadora Lídice da Mata / Foto: Projeto Axé

19.10.2015