A semana passada foi tumultuada para a educação em Salvador. Tudo começou quando o prefeito ACM Neto contratou o Programa Alfa e Beto para alfabetizar as nossas crianças, sem ouvir os professores e sem testar o novo modelo dentro da realidade de Salvador, a um custo de R$ 12,3 milhões, sem licitação.

ACM Neto alegou que é um excelente projeto de alfabetização e que quer implantar uma “operação de guerra” para alfabetizar nossas crianças. Já os professores alegam que é um programa educacional com conteúdo racista e sexista, inadequado para crianças.

O prefeito, por seu lado, reafirma que os professores serão obrigados a utilizar o Alfa e Beto. Os professores rebatem arguindo que já adotam um programa de alfabetização oferecido sem custos pelo Ministério da Educação e, em protesto, devolveram o material pedagógico adquirido pelo prefeito.

Não pretendo entrar no mérito do conteúdo do Alfa e Beto, já que não sou especialista no assunto, mas posso entrar no mérito do método do prefeito da nossa capital. Em nenhum momento, o secretário da Educação do Município, deputado João Carlos Bacelar, apresentou um estudo de viabilidade para a implantação do Alfa e Beto e nem mesmo debateu com os professores, o que nos leva a concluir que não é um projeto da Secretaria de Educação, mas sim do prefeito ACM Neto.

A compreensão que ficou é que o Programa Alfa e Beto é de exclusiva responsabilidade do prefeito, que retirou a autonomia pedagógica da Escola e dos professores, passando por cima, inclusive, da Secretaria de Educação. Diante dessa trapalhada em Salvador, ficam algumas perguntas no ar:

Se a Prefeitura de Salvador já utilizava um programa de alfabetização oferecido sem custos pelo Ministério da Educação, porque o prefeito ACM Neto resolveu comprar, sem licitação, outro programa por R$ 12,3 milhões?

Houve algum estudo comparativo de eficiência entre o programa do Ministério da Educação e o Instituto Alfa e Beto?

Com apenas dois meses no cargo, não foi precipitação do prefeito mudar toda uma concepção pedagógica de alfabetização, sem antes testar o modelo pretendido?

No resumo de tudo isso houve, no mínimo, desrespeito aos professores e às crianças. Apesar disso, fica uma esperança:

Que a eficiência da pressa do prefeito ACM Neto em comprar e distribuir os kit´s do Alfa e Beto em apenas dois meses de gestão, ocorra também em esclarecer e divulgar os nomes dos integrantes das “máfias” que se infiltraram nos cofres municipais.

As críticas do Capitão Tadeu foram enviada à Rádio Metrópole