Diante das informações de que a Nestlé estaria prestes a desativar a fábrica da empresa localizada no Sul da Bahia, o deputado federal Bebeto Galvão (PSB) fez um duro pronunciamento na tribuna do Congresso Nacional nesta quarta-feira (06) para cobrar esclarecimentos ao comando nacional da empresa sobre o possível fechamento. “Considerando o interesse público que envolve a questão, cobrarei explicações acerca da operação da Nestlé no Sul da Bahia diretamente ao comando da empresa no Brasil, ao tempo em que conclamo as forças produtivas da região cacaueira a avançar numa proposição de um modelo de verticalização que nos coloque em um outro patamar de negociação e relação empresarial com as multinacionais que possuem seus interesses econômicos instalados em nossa região”, afirmou Bebeto.

Além disso, o parlamentar criticou duramente as articulações de multinacionais que chegam à região, exploram a mão de obra, a matéria prima, o consumo, a geografia e depois tomam decisões que impactam negativamente na vida de milhares de pessoas. “Quantos bilhões de dólares já geramos de lucro exportados para suas sedes em outros países? Não podemos ignorar os impactos positivos da presença dessas empresas, mas não podemos ficar reféns de suas articulações que impactarão diretamente na vida de muitos, na vida de todos”, esbravejou.

No pronunciamento, Bebeto reforçou a necessidade de repensar o modelo de desenvolvimento regional. “Precisamos encerrar este ciclo de comportamento que nos deixa miúdos aos que se entendem gigantes. Precisamos identificar o que nos unifica e não fomentar o que nos separa”, pontuou.

 

Confiram abaixo a íntegra do pronunciamento registrado pelo deputado Bebeto nos anais do Congresso Nacional

 

O que quer a Nestlé com a região cacaueira?

 Mais uma vez vem a tona a informação de que a Nestlé vai fechar a unidade fabril instalada no Sul da Bahia. Como diz o adágio popular, onde há fumaça, há fogo! Ainda mais se não há posição pública da empresa sobre a questão.

 Precisamos de fato redefinir a relação da economia sulbaiana com as multinacionais instaladas. Quantos bilhões de dólares já geramos de lucro exportados para suas sedes em outros países? Não podemos ignorar os impactos positivos da presença das mesmas, me refiro a Cargill, Mars, Barry Callebaut, Joanes, e as que indiretamente participam das nossas atividades econômicas fornecendo insumos e serviços, mas não podemos ficar reféns de suas articulações que impactarão diretamente na vida de muitos, na vida de todos.

Tínhamos organização de base que permitiam uma negociação diferenciada com o mercado livre, fechou-se a COOPERCACAU e a COOGRAP, que não possuíam os braços multinacionais para socorrê-las nos momentos de crise que culminaram com o encerramento das suas atividades e a desarticulação completa da organização produtiva e do processamento ligadas diretamente ao produtor.

 Ao repensar o modelo de desenvolvimento regional precisamos encerrar este ciclo de comportamento que nos deixa miúdos aos que se entendem gigantes. Precisamos identificar o que nos unifica e não fomentar o que nos separa.          

Considerando o interesse público que envolve a questão, cobrarei explicações acerca da operação da Nestlé no Sul da Bahia diretamente ao comando da empresa no Brasil, ao tempo em que conclamo as forças produtivas da região cacaueira a avançar numa proposição de um modelo de verticalização que nos coloque em um outro patamar de negociação e relação empresarial com as multinacionais que possuem seus interesses econômicos instalados em nossa região.

 Não acredito que vão colocar fábricas nas costas e levar para outro lugar. Onde está o centro da crise? Como resolver? Já atravessamos a pior fase, precisamos acelerar a curva ascendente e retomar nossa pujança na produção de matéria prima com qualidade e quantidade para que os navios carregados com cacau de sangue da África fiquem nos registros históricos e não façam parte do nosso cotidiano.

 Não seremos reféns de um contexto de expropriação e exploração que se renova desde os tempos da Capitania que não devem mais povoar nosso cotidiano em pleno século XXI.


Vamos em frente, e juntos!

 

Bebeto Galvão – Deputado Federal pelo (PSB-BA)