O ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg disse durante painel do Programa Pense Brasil, debate promovido pela Fundação João Mangabeira (FJM), nesta terça-feira (16), em Brasília, que setores da mídia se contradizem ao elogiar deputados que votaram contra a orientação de seus partidos na reforma da Previdência.

Para Rollemberg, parte da imprensa defende partidos políticos fortes, mas, ao mesmo tempo, enaltece parlamentares que dizem ter votado a favor da reforma da Previdência por convicção pessoal, mas contrariamente à deliberação de seus partidos.

“A mídia que defende que a democracia só sobrevive se houver fortalecimento dos partidos políticos é a mesma que ‘canta loas’ aos parlamentares que dizem ter votado por convicção na reforma da Previdência, mas contra a decisão partidária”, afirmou.

O painel “Mídia, Poder e Cidadania: Vertigens, Perigos e Esperança da Crise Brasileira” também contou com a participação da jornalista Helena Chagas e mediação da secretária nacional da Negritude Socialista Brasileira (NSB), Valneide Nascimento.

Para Rollemberg, a desinformação e a desigualdade são duas das grandes ameaças à democracia que o país vive no atual momento.

Na opinião do ex-governador, a população não foi informada sobre o real impacto econômico e social que a reforma da Previdência causará na camada mais pobre da população.

“Nós estamos vivendo o império da desinformação. Ouvimos o discurso de que se não fosse feita a reforma da Previdência, o país irá quebrar. Mas não foi deixado claro que 80% da pretensa economia de R$ 1 trilhão sairia dos mais pobres”, disse.

“Disseram que a reforma da Previdência combateria privilégios. Esse discurso ganhou, mas, na realidade, que fim de privilégio é esse que retira a taxação sobre o agronegócio exportador, que significaria uma economia de R$ 84 bilhões, mas reduz o abono salarial do trabalhador que ganha até dois salários mínimos?”, criticou.

Para Rollemberg, os socialistas devem se perguntar em que medida a reforma da Previdência contribui para reduzir, ampliar ou manter a desigualdade social. Para ele, a “prioridade absoluta” de um partido socialista é trabalhar e fazer o possível para a redução das desigualdades no país.

“Está todo mundo olhando para seu umbigo a muito curto prazo. Não estão tendo uma visão holística do Brasil, porque um dos maiores empecilhos para o desenvolvimento é a desigualdade”, afirmou.

“Foi a renda da Seguridade social que reduziu a miséria em nosso país entre 1998 e 2018. Essas pessoas que ganham pouco gastam tudo com consumo e, pelo menos 33% disso retorna para o Estado na forma de impostos”, considerou.

Segundo Rollemberg, mais de 70% da renda dos municípios brasileiros tem como fonte as aposentadorias.

Na opinião do socialista, existe uma “manipulação muito perigosa” da vontade da população que vai às ruas defender a reforma da Previdência. “A população não tem a menor ideia do que está defendendo. Porque se soubesse, ela não encamparia esse discurso”, disse.

 

Assessoria de comunicação/PSB Nacional