Apesar da festa já estar acontecendo desde o último sábado (03/02), com atrações e foliões nas ruas de Salvador, será na noite desta quinta-feira (08/02), a abertura oficial do Carnaval 2018. Com a expectativa de atração de mais de 650 mil turistas e circulação de mais de R$ 750 milhões em atividades ligadas diretamente à festa, Prefeitura e Governo do Estado se movimentam para garantir a pujança da folia, com investimentos vultosos em atrações das mais diversas.

O executivo municipal, que escolheu para a festa o tema ‘Salvador, meu Carnaval’, fala num montante de R$ 55 milhões, dividido com os seus patrocinadores. O Governo Estadual decidiu homenagear um importante acontecimento histórico nacional, com o tema ‘220 anos da Revolta dos Búzios – Igualdade e Liberdade’, e anunciou investimentos da ordem de R$ 70 milhões, sendo R$ 26 milhões para contratação de atrações na capital e no interior. R$ 6,5 milhões dessa soma foram destinados para os blocos de matriz africana, num total de 91 entidades apoiadas pelo Carnaval Ouro Negro.

A Empresa Salvador Turismo (Saltur) também afirma apoiar blocos e entidades de matriz africana, mas não divulgou o valor do investimento nem as entidades selecionadas.

Críticas – O presidente da Comissão de Cultura da Câmara Municipal de Salvador, vereador Sílvio Humberto (PSB), disse que o carnaval é momento de festejar, mas sem perder de vista as contradições da festa. Segundo ele, o seu mandato estará todos os dias na rua, observando os pontos de melhoria da folia. “O que a nossa equipe coletar de informações, vai servir de conteúdo para as nossas proposições sobre a festa, ao longo do ano”, pontuou Sílvio.

O parlamentar informou ainda, que o seu mandato também tem um tema para a festa: ‘Salvador, meu Carnaval é o da Revolta dos Búzios’. Segundo ele, a fusão dos dois temas (da Prefeitura e do Estado) representa o modo como cada um dos entes públicos trata o evento. “A despeito do prefeito ter anunciado que o tema do carnaval deste ano representa que a festa é de todos. O que vemos, na prática, é uma construção feita para alguns poucos, que vão poder usufruir do melhor da folia”, assinala Sílvio. Conforme o legislador, a maior parte da população pobre e negra da cidade vai trabalhar durante o carnaval. “Em geral, como ambulantes, cordeiros e seguranças”, destacou.

Sílvio não poupou o Governo do Estado, que, segundo ele, “apesar de apoiar os blocos afros e afoxés com uma soma razoável, privilegiou, na sua programação sem cordas, atrações que pouco tem a ver com o tema escolhido”. O vereador aponta que, para estas entidades o carnaval é a culminância de atividades desenvolvidas ao longo do ano. “É muito mais do que festa. É inclusão social. Por isso, o modelo de apoio precisa ser repensado”, avalia. Para o edil, “os blocos afros sintetizam a temática do carnaval do Estado, quando, mesmo diante do desrespeito às suas histórias e da falta de apoio público, resistem na defesa dos seus ideais, como verdadeiros revolucionários”, concluiu.