A sessão especial realizada nesta segunda-feira (6), no plenário da Assembleia Legislativa, abriu a série de homenagens ao centenário de Deoscóredes Maximiliano dos Santos. Mais conhecido como Mestre Didi, ele nasceu em 2 de dezembro de 1917 e foi sacerdote, escultor e escritor, com grandes contribuições nas três faces de sua vida religiosa e intelectual. Com exposições no Brasil e no exterior, ganhou diversos prêmios e foi um dos mais importantes sacerdotes do culto aos egunguns no mundo. Mestre Didi morreu em 6 de outubro de 2013 e deixou como viúva a antropóloga Juana Elbein dos Santos que, presente à sessão, foi agraciada com uma placa, assim como a filha dele, a professora da Unicamp e cantora lírica Inaicyra Falcão dos Santos, que brindou a plateia com uma belíssima interpretação à capela de uma música composta para o pai.

“Novembro é mês da Cultura, e também o mês da Consciência Negra e por isso resolvemos antecipar esta homenagem para reverenciar a arte e ética do grande sacerdote e do extraordinário artista plastico que dedicou a vida e o trabalho à valorização da ancestralidade africana para a cultura do Brasil”, destacou Fabíola.
A deputada socialista aproveitou a ocasião para apelar à sensibilidade dos colegas parlamentares a darem celeridade à aprovação de projeto de sua autoria que cria a Comenda da Liberdade Revolta dos Búzios, dedicada aos defensores da igualdade e da fraternidade humana, e cujo primeiro agraciado será, segundo ela, o próprio Mestre Didi, in memoriam.

Independentemente da aprovação pela Assembleia Legislativa da referida honraria, Fabíola antecipou mais uma homenagem a mestre Didi antes do dia de seu centenário. “Quis o destino, e eu não acredito em coincidência, que na condição de membro titular da Câmara de patrimônio do Conselho Estadual de Cultura tivesse como primeiro processo a ser avaliado o tombamento do terreiro Ilê Asipá, fundado por Mestre Didi em 1980. Recebi esta missão com muita honra e vamos trabalhar pela aprovação dessa matéria antes do 20 de novembro, Dia da Consciência Negra”, declarou.

A relatoria do projeto caberá ao diretor da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, que também assegurou o parecer positivo para o indicativo feito pelo IPAC, cujo presidente, João Carlos de oliveira, também compôs a mesa do evento.

Já a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, destacou que o Governo do Estado também também não ficará de fora das homenagens. “Mestre Didi irá batizar o viaduto sobre a Avenida paralela que sai da Avenida Orlando Gomes. Além do descerramento da placa, implantaremos uma grafitagem com referência à arte de mestre Didi no local”, anunciou.

O vereador Silvio Humberto, presidente da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de Salvador também compôs a mesa, assim como o presidente do Olodum, João Jorge. Além de personalidades do mundo político e cultural baiano, prestigiaram a sessão especial em homenagem ao centenário de Mestre Didi, autoridades religiosas do candomblé, como Genaldo Novaes, ou Baba Mariwo, alagbá (chefe de comunidade) do terreiro Ilé Asipá, Balbino Daniel de Paula, ou alagbá babá Mariwo nílê Agboulá, e Marco Aurelio Luz, cientista social da Ufba que em 1977 recebeu o título de Osi Oju Obá no terreiro Ilê Axé opó de Afonjá. O nome do já falecido Alabá José Félix, que integrou a comissão de celebração ao centenário de Mestre Didi, também foi lembrado.

“Mestre Didi foi não apenas um sacerdote e um artista, mas também um educador. É preciso levar o legado deixado por ele para nossas crianças, seus ensinamentos deveriam fazer parte da grade curricular do ensino básico das escolas da rede pública”, defendeu Balbino de Paula.