No último dia do Seminário Pensar a Bahia Sustentável, realizado neste sábado (22), no Hotel Portobello, em Ondina, os ambientalistas Júlio Rocha e Renato Cunha foram unânimes ao afirmar que a Bahia é um estado atrasado na questão ambiental. Na visão de Júlio Rocha, coordenador da Rede Sustentabilidade no Estado, “não adianta querer construir um programa de governo sustentável se não existe sustentabilidade das práticas políticas e de gestão pública” e citou como exemplo de má gestão dos recursos a construção do estádio de Pituaçu. “O nosso desafio é pensar que uma obra que custou R$ 30 milhões não pode ser feita sem licença ambiental”, criticou.

Júlio Rocha também destacou que o Governo do Estado precisa rever o papel da Embasa no saneamento da Bahia, uma vez que o que se tem são estações de tratamento de esgoto primário ou inicial. “O tratamento de esgoto atual é lastimável. Salvador não bebe uma gota de água de Salvador. Antes era 60% e depois passou a ser 70% oriunda do Rio Paraguaçu”, disse. Em Israel, apontou o especialista, 90% da água do esgoto é tratada, enquanto aqui é feita a separação de sólidos. “Dez dos nossos doze rios estão altamente poluídos. Desde 2010 o Siacs vem fazendo o monitoramento da qualidade dos rios urbanos e a conclusão é que a qualidade da água é deplorável”, enfatizou.

Ainda na temática do saneamento básico, o engenheiro e coordenador do Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia e da Rede de Ongs da Mata Atlântica, Renato Cunha, falou sobre o Programa Bahia Azul. “Diziam que o programa ia resolver todo o problema ambiental de Salvador e isso não é verdade. Dados do Inema apontam que na época de chuva várias praias continuam impróprias para banho. Foram 600 milhões de dólares investidos e não conseguimos resolver o problema”, pontuou.

Outro ponto discutido no debate é a degradação das áreas verdes da cidade pela especulação imobiliária, apontado pelo especialista como preocupante quando feito sem que haja um zoneamento equilibrado. “O mercado imobiliário de Salvador está ocupando áreas verdes com a complacência dos gestores públicos”, denunciou.

O presidente do Instituto Pensar, idealizador do Seminário Pensar a Bahia Sustentável, Domingos Leonelli adiantou que o próximo passo da construção do programa de governo da pré-candidata Lídice da Mata é debater temas específicos como saúde, segurança, economia criativa, finanças e orçamento. “Também teremos um debate sobre gestão. Não é imaginável que se possa governar de forma transformadora dessa forma como aí está. Os avanços que o governo Wagner representou foram muitos, em diversas áreas, mas nós precisamos de mais”, frisou.

 

ASCOM PSB-Bahia